Desembargadora distribui notícia falsa e não se arrepende por isso

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Publicado Segunda, 19 de Março de 2018 às 14:47, por: CdB

A reportagem do diário popular carioca O Dia perguntou se, como cidadã, ela se arrependia de ter feito o comentário; agora que ela sabe que se trata de uma notícia mentirosa. A resposta foi "não".

 
Por Redação - do Rio de Janeiro

 

Prestes a responder a um processo movido pela sigla PSOL, a desembargadora Marília Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, disse que não se arrepende dos comentários feitos, em uma rede social, nos quais afirma que a vereadora Marielle foi eleita pelo tráfico. Na sexta-feira, a magistrada comentou no Facebook:

"A questão é que a tal Marielle não era apenas uma 'lutadora'; ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu 'compromissos' assumidos com seus apoiadores", escreveu, sobre falsas informações divulgadas na internet.

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A desembargadora Marília Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, não se arrepende de disseminar notícia mentirosa

Neves disse, a jornalistas do diário popular carioca O Dia, que “reproduziu comentários que estavam disponíveis na internet e que ‘ninguém contestou a veracidade deles. Nem o PSOL, nem a família (de Marielle)". Na realidade, tanto o PSOL quanto a família da vereadora repudiaram, de imediato, a notícia mentirosa divulgada pela desembargadora.

“Indagada se havia mudado de opinião após os boatos serem desmentidos, respondeu que ‘não tem opinião".

— (Risos) Eu não tenho opinião, eu nem conhecia, eu nunca tinha ouvido falar dessa criatura. Eu não tenho opinião a respeito — disse à reportagem.

Notícia mentirosa

A magistrada acrescentou que não havia se expressado na condição de desembargadora.

— Em momento algum eu disse que era magistrada. Em momento algum eu me referi ao meu cargo. Ali eu estava discutindo como uma cidadã comum que paga imposto e que lê o Facebook — acrescentou.

A reportagem do jornal perguntou se, como cidadã, ela se arrependia de ter feito o comentário, agora que ela sabe que é apenas fake news. A resposta foi "não".

— Por que eu deveria me arrepender de ter feito um comentário? É só um comentário reproduzindo um outro. Eu não estou me sentindo culpada por nada. Eu não criei o comentário. Se é boato, se alguém criou, o autor da criação que pode ou não estar arrependido. Eu, por quê? — desconversou.

Fuzilamento

Em outra publicação, a desembargadora disse que o deputado Jean Willys merecia ir para um paredão (de fuzilamento) "embora não valha a bala que o mata". Sobre a declaração, disse que fez "uma ironia com o apoio declarado do deputado ao regime cubano" e que não defende "o paredão". Willys informou que vai apresentar queixa-crime contra Marília.

O advogado e militante dos Direitos Humanos Rodrigo Mondego disse que Marília cometeu crime contra a honra de Marielle.

"Um membro do Judiciário não se arrepender de ferir a dignidade mostra como o próprio Estado favorece que o Brasil seja líder em assassinatos de ativistas de Direitos Humanos”, escreveu em uma rede social.

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