Desemprego atinge novo recorde e aflige mais 14 milhões de brasileiros

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Publicado Quarta, 30 de Setembro de 2020 às 13:34, por: CdB

O trimestre encerrado em julho também foi marcado por um recorde no número de pessoas desalentadas, aquelas que não buscaram trabalho mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Esse contingente chegou a 5,797 milhões de pessoas no período, contra 5,026 milhões no trimestre até abril, uma das maiores marca do ano.

Por Redação, com Reuters e ACSs - do Rio de Janeiro
O desemprego no Brasil bateu um novo recorde: 13,8% no trimestre circunscrito entre maio e julho. Em números absolutos, o percentual representa 13,13 milhões de pessoas, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), divulgada nesta quarta-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na realidade, o número de atingidos pelo flagelo do desemprego supera a casa dos 14 milhões de brasileiros
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No segundo trimestre de 2015, o total era de 1,43 milhão de pessoas, ou seja, cerca de 10% do número de desempregados hoje, no Brasil
A taxa de 13,8 é a maior da série histórica, iniciada em 2012. Trata-se de um aumento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, de fevereiro a abril, e de 2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Na mesma régua, só que na outra ponta, a população ocupada diminuiu 8,1%, chegando a 47,1% e somando apenas 82 milhões de pessoas, ou seja, menos da metade da população brasileira, e também o menor contingente da série histórica.

Retração

Novamente, em números absolutos, o percentual representa 7,2 milhões de pessoas ocupadas a menos em relação ao último trimestre antes da pandemia, entre dezembro e fevereiro, e 11,6 brasileiros ocupados a menos em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Segundo a analista da pesquisa do IBGE, Adriana Beringuy, a pandemia de covid-19 intensificou a crise econômica e foi determinante para os recordes negativos. — Os resultados das últimas cinco divulgações mostram uma retração muito grande na população ocupada. É um acúmulo de perdas que leva a esses patamares negativos — afirmou. Outro dado importante é do contingente de pessoas desalentadas, aquelas que deixaram de buscar emprego, mas gostariam de conseguir uma vaga. O número também bateu um novo recorde com 5,8 milhões de desalentados. Para Beringuy, a pandemia dificultou a busca por trabalho. Com a flexibilização das regras de distanciamento social, no entanto, o número deve diminuir nos próximos meses. — Além de tirar o trabalho, a pandemia também impossibilitou sua procura, ou por conta das medidas restritivas, ou porque as atividades econômicas estavam suspensas ou, ainda, por questões de saúde pessoal — acentua.

Indicativo

A população fora da força de trabalho atingiu o recorde da série e chegou a 78,956 milhões de pessoas - mais 8 milhões em relação ao trimestre anterior e mais 14,1 milhões frente ao mesmo trimestre de 2019. Entretanto, o aumento foi menor do que no trimestre encerrado em junho, quando o ganho foi de 10 milhões de pessoas. — A população fora da força aumentou muito, mas em julho aumentou menos. Isso pode indicar um certo retorno das pessoas ao trabalho. Os movimentos ainda são discretos no comparativo com todo o período, mas é um indicativo — explicou Beringuy.

Desalento

O trimestre encerrado em julho também foi marcado por um recorde no número de pessoas desalentadas, aquelas que não buscaram trabalho mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Esse contingente chegou a 5,797 milhões de pessoas no período, contra 5,026 milhões no trimestre até abril. — A gente vem observando pessoas saindo do mercado para fora da força. Muitos não realizaram busca de trabalho por causa da pandemia e da emergência sanitária, e a população desalentada foi potencializada pela pandemia. É um processo que se retroalimenta —acrescentou. Os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada somavam 8,691 milhões nos três meses até julho, de 10,126 milhões nos três meses imediatamente anteriores. Os que tinham carteira assinada no período eram 29,385 milhões, de 32,207 milhões antes. Ainda nos três meses até julho, o rendimento médio do trabalhador chegou a 2,535 reais, de R$ 2.419 no trimestre imediatamente anterior.
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