O Deutsche Bank (DB) afirmou que – apesar de o atual otimismo do mercado em relação ao Brasil estar dando mostras de ser consistente – é muito provável que o País venha a enfrentar maior volatilidade em meados deste ano, por causa da deterioração da perspectiva inflacionária e do aumento da turbulência política causada pela sucessão presidencial.
Em nota para investidores, o departamento de pesquisa do banco alemão salientou que os argumentos que sustentam novos cortes nos juros estão se enfraquecendo rapidamente. O DB observou que o clima favorável no mercado em relação ao País tem se refletido no câmbio mais forte e na redução dos “spreads” (margem de juros) locais e internacionais. Com isso, tantos os bônus soberanos como corporativos estão tendo acesso aos mercados de dívida internacionais, “contribuindo para maior influxo de capitais, numa espécie de círculo virtuoso”.
Outro desdobramento positivo, segundo o DB, tem sido o novo mecanismo que permite rolar a dívida denominada em moeda estrangeira através de LFTs e ´swaps´ (trocas) cambiais. “Entretanto, está claro que esse mecanismo, embora seja mais transparente e eficiente do que os instrumentos prévios, não retira o risco cambial da dívida pública”, disse o DB. “Uma melhora genuína na composição da dívida somente vai ocorrer quando a proporção da dívida com taxa fixa crescer novamente.”
O banco alemão assinalou que os indicadores inflacionários em março foram piores do que o previsto e que “está claro que os preços do petróleo começaram a ter um impacto na inflação”. Isso sinaliza “condições monetárias mais difíceis no futuro”, pois o Banco Central já anunciou que não está mirando uma meta inflacionária de 3,5%, mas sim de 4,5%, para 2002.
“Mesmo considerando-se que o BC venha a reagir à segunda fase dos efeitos do choque do petróleo ao invés da primeira fase, o argumento para novos cortes nos juros está se enfraquecendo rapidamente”, afirma.