Diga com quem andas que eu te direi quem és

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Publicado Sexta, 12 de Janeiro de 2018 às 07:45, por: CdB

No cenário de dispersão que ainda predomina, tanto no campo governista como na oposição, vão se formando em torno de pretendentes à candidatura presidencial núcleos de apoio formado por técnicos e economistas

Por Luciano Siqueira - de Recife:

De Bolsonaro a Alckmin, visível é o intuito de produzir um rol de propostas que atenda aos ditames do Mercado e, de quebra, sinalizar ao amplo eleitorado com promessas demagógicas.

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Diga com quem andas que eu te direi quem és

No ambiente das oposições, há como que uma dupla consciência de que lideres como Lula, Ciro, Manuela e outros necessitam; a um só tempo, afirmar posições próprias dos seus partidos e acolher a possibilidade de alianças amplas e diversificadas em torno de uma plataforma comum.

O desenho preliminar da disputa sugere uma multiplicidade de candidaturas; de ambos os lados, à semelhança do ocorrido em 1989; quando em torno de duas dezenas foram os pleiteantes à presidência, resultando num segundo turno entre Collor e Lula, vencido, como se sabe, pelo primeiro.

Ali se iniciava novo ciclo político e se buscava um pacto social que superasse as imensas sequelas dos 21 anos de ditadura militar.

Agora, o pleito também acontece no início de um novo ciclo; decorrente do golpe que interrompeu o mandato da presidenta Dilma Rousseff.

Forças políticas

Natural que as forças políticas em presença ponham a cabeça de fora com candidatos próprios.

Mas é natural também que os mais taludos, como se diz aqui; pretendam formar coalizões que lhes reforcem as possibilidades de vitória.

Mas a questão de fundo, a disputa de projetos para o Brasil; requer candidaturas lastreadas em programa consistente e base social ampla.

Nas hostes governistas, nenhum um nome está consolidado. Mesmo o governador paulista Geraldo Alckmin, potencialmente preferido das elites; tem longo caminho a percorrer e o desafio de apaziguar as resistências da banda mineira do seu partido e até reticências do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, prócer influente no tucanato.

Jair Bolsonaro

O fascistóide e histriônico deputado Jair Bolsonaro, que corre solto através de bem urdida campanha nas redes sociais; começa a ser desconstruído pela mídia hegemônica desejosa de aplainar o terreno para uma alternativa neoliberal confiável.

Na outra ponta, a resistência democrática e popular ainda se dá algo dispersa e fracionada; refletindo na gama de hipóteses possíveis.

O fator Lula terá, obviamente, importante influência; seja ou não candidato, a depender de prováveis pendengas judiciárias.

Concomitantemente, Ciro Gomes (PDT), Manuela D'Ávila (PCdoB) e outros tantos ainda não anunciados; cuidam de sua contribuição ao debate sobre os rumos do país.

Nação

Numa correlação de forças ainda adversa e diante do enorme desafio de conquistar parcelas expressivas do eleitorado para o campo oposicionista, urge o esboço de uma plataforma que dê conta da defesa da Nação ameaçada em sua soberania, do reordenamento democrático e do resgate dos direitos do povo ora solapados.

E, tal como em grandes movimentos transformadores, cabe um slogan que sintetize um programa e galvanize a emoção e o apoio das multidões — a exemplo de Terra, pão e paz, na revolução russa ou de Diretas-já, nos extertores da ditadura militar em 1984.

 Luciano Siqueira, é médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB.

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