Dino e Freixo apostam na formação de aliança com Lula para 2022

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Publicado Sexta, 18 de Junho de 2021 às 11:03, por: CdB

Ainda nesta sexta-feira, o governador do Maranhão, Flávio Dino, encaminhou seu pedido de filiação ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), após deixar o PCdoB, legenda na qual militou por 15 anos e conquistou o atual mandato.

Por Redação - do Rio de Janeiro e São Luís

Governador do Maranhão, o ex-desembargador Flávio Dino deixa o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). O ato de filiação ocorrerá na próxima terça-feira, simultaneamente ao deputado Marcelo Freixo, que também deixou PSOL, na semana passada. Dino anunciou, pelas redes sociais, que sua saída do PCdoB, após 15 anos de atuação na sigla, tem objetivos eleitorais.

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Lula e Dino tendem a se reencontrar na campanha presidencial do ano que vem, provavelmente, na mesma chapa

“Hoje encaminharei meu pedido de filiação ao PSB, por intermédio do presidente Carlos Siqueira. Já comuniquei aos colegas governadores Paulo Câmara e Renato Casagrande. Filiação será na terça, 11h, junto com o amigo e líder Marcelo Freixo”, escreveu o governador, em nota pública.

A jornalistas, nesta manhã, Dino afirmou que seu principal objetivo será a formação de uma frente democrática contra o projeto autoritário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No ano que vem, segundo adiantou, o governador pretende concorrer ao Senado ou compor a chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, para a Vice-Presidência. Em qualquer posto que ocupar, o governador exerce uma liderança preponderante na estruturação de alianças com partidos de centro e da centro-direita.

— Minha contribuição é para que os diálogos além da esquerda se viabilizem. Todos os partidos que estão no centro, centro-direita devem ser procurados por uma razão: é preciso isolar Bolsonaro. É uma eleição plebiscitária entre democracia e ditadura, entre civilização e barbárie, entre a Constituição de 1988 e aqueles que querem destruí-la. Não é pouca coisa em jogo. Por isso mesmo devemos aglutinar todas as forças possíveis. Todos aqueles que têm compromisso com a Constituição de 1988 podem ser nossos aliados. Bolsonaro é inconstitucional — acrescentou.

Cláusula de barreira

Em outra entrevista, ainda nesta manhã, Dino afirmou, sem citar que o PCdoB é um partido com poucos filiados, que a legislação eleitoral “conduz a enxugamento de legendas, sobretudo com a cláusula de barreira e fim das coligações”.

— Considero esse enxugamento irreversível. E pode se dar de vários modos, inclusive com a chamada federação, que ainda depende de votação no Congresso. O outro fator é que, já há algum tempo, defendo que haja união de partidos da esquerda. E acho que minha migração vai nessa direção. Considero que o PSB, neste momento, tem condição de ser polo aglutinador de outros partidos para ser frente política capaz de ajudar a derrotar Bolsonaro. Então, em primeiro lugar, tem o vetor legal; em segundo, o vetor político — afirmou.

Aliança

Quanto à aproximação com a candidatura do líder petista, Dino admitiu que se trata de uma aliança histórica.

— O PSB integrou o campo liderado pelo ex-presidente Lula desde 1989. Quando Lula foi candidato a primeira vez, o vice foi indicado pelo PSB, o então senador Bisol. Essa relação vem de longa data. Houve um distanciamento recente, mas acredito que isso já está superado. A minha presença e a do Freixo ajudam na intensificação desse diálogo, porque o ex-presidente Lula é figura imprescindível para o campo da esquerda no Brasil — acrescentou o ex-governador. 

Quanto ao confronto entre Lula e o ex-governador Ciro Gomes (PDT), que alimenta a esperança de ser candidato ao Planalto, no ano que vem, Dino acredita que ainda há espaço para o diálogo entre eles.

— Insisto que o lulismo e o trabalhismo são vertentes imprescindíveis. Então defendo que, mesmo mantidas as diferentes candidaturas, não haja beligerância. Se ficar muito aceso esse tipo de contenda, dificulta união em palanques estaduais. Dificulta também uma aliança no segundo turno, como vimos em 2018. Acho que a postura belicosa atrapalha e espero revisão desse tipo de atitude, sem prejuízo da manutenção de diferentes candidaturas — pondera.

Campos

Dino relata que conversou, há algumas horas, com o presidente do PDT, Carlos Lupi, e combinaram um encontro para o início de julho, ao qual espera que Gomes esteja presente.

— Em razão dessa ótima relação que tenho com o PDT, espero ajudar na melhor organização do nosso campo para que não percamos foco naquilo que é central. Vou tentar quebrar essa beligerância.

O PSB também anunciou, no início desta tarde, uma programação para o fim de junho, em Brasília, com a filiação conjunta de Dino e Marcelo Freixo. A decisão oficial sobre a posição do PSB na disputa presidencial, no entanto, somente será conhecida, formalmente, em novembro, durante o congresso nacional do partido. Em 2018, o PSB optou pela neutralidade no primeiro turno e liberou o voto dos seus filiados, no segundo turno.

Em 2014, o PSB foi com Eduardo Campos na candidatura à Presidência, mas ele morreu durante a campanha em um acidente aéreo, após se aproximar do centro. No segundo turno, após a substituta Marina Silva ficar em terceiro lugar, apoiou o tucano Aécio Neves contra a petista Dilma Rousseff, num gesto de afastamento inédito do PT desde a redemocratização. Dois anos depois, a maioria da bancada do partido se alinhou ao golpe de Estado, em curso, e votou pelo impeachment.

Em frente

A direção do PCdoB, por sua vez, liberou uma nota assinada pela presidente da legenda, Luciana Santos, e pela Executiva Nacional, em que se posiciona a respeito da desfiliação do governador Flávio Dino do partido.

Leia a íntegra abaixo:

Acerca da desfiliação de Flávio Dino do PCdoB

Por quinze anos o governador Flávio Dino foi militante do PCdoB. Neste período, as ações e lutas conjuntas de Flávio e do Partido resultaram em grandes conquistas para os maranhenses e para o povo brasileiro. Nas fileiras do PCdoB, Flávio foi deputado federal e foi eleito e reeleito governador do Maranhão, sempre com total apoio da militância do Partido e de suas direções.

Por vicissitudes da política, ele, hoje, anunciou sua desfiliação do Partido.

O PCdoB, prestes a completar seu centenário, seguirá sua jornada alicerçado em seu valioso coletivo de militantes e no seu elenco de respeitadas lideranças. O Partido, empunhando a bandeira da frente ampla em defesa da vida, da democracia e dos direitos, continuará em oposição vigorosa ao governo Bolsonaro e construindo alternativas e saídas para o Brasil.

Luciana Santos Presidente do PCdoB Executiva Nacional do PCdoB

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