Diplomatas saem ‘abalados’ da reunião com mandatário, diz o NYT

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Publicado Terça, 19 de Julho de 2022 às 12:32, por: CdB

Na abertura do texto, "Bolsonaro convocou dezenas de diplomatas ao palácio para falar que acredita que os sistemas de votação poderiam ser fraudados, uma possível prévia de sua estratégia para uma eleição que as pesquisas preveem que perderá de forma esmagadora”, ressalta o NYT.

Por Redação - de Brasília
Com chamada sem foto na parte inferior da capa, na internet, o diário norte-americano The New York Times (NYT) reporta que "presidente do Brasil reúne diplomatas estrangeiros para lançar dúvida sobre eleições". Bolsonaro "elevou suas alegações de fraude a uma questão de política externa, alimentando temores de que contestaria as eleições”, acrescenta um dos maiores jornais do mundo.
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Bolsonaro conta com o apoio de setores das Forças Armadas
Na abertura do texto, "Bolsonaro convocou dezenas de diplomatas ao palácio para falar que acredita que os sistemas de votação poderiam ser fraudados, uma possível prévia de sua estratégia para uma eleição que as pesquisas preveem que perderá de forma esmagadora”, ressalta o NYT. "Vários diplomatas ficaram abalados com a apresentação, incluindo a sugestão de Bolsonaro de que a forma de garantir eleições seguras é por meio de um envolvimento mais profundo dos militares, segundo dois diplomatas que falaram sob condição de anonimato, para tratar de conversas privadas", relata o diário.

Golpe de Estado

Eles "temem que Bolsonaro esteja preparando as bases para uma tentativa de contestar os resultados da votação”, em uma referência direta à aparente tentativa de golpe de Estado, em curso. Além do principal jornal dos EUA, serviços noticiosos como as agências norte-americanas de notícias Bloomberg, Associated Press (AP) e Reuters também cobriram, destacando que o mandatário tentou "lançar dúvida", "semear dúvida" ou, mais diretamente, "ataca sistema eleitoral". A Bloomberg abriu o texto relatando que ele "refez velhas e desmascaradas teorias de conspiração sobre a segurança do sistema que o Brasil vem usando há mais de duas décadas". Reproduzida pelo diário norte-americano Washington Post e outros, a AP abriu dizendo que ele "apresentou alegações sobre supostas vulnerabilidades, que as autoridades eleitorais já desmascararam repetidamente”.

Urnas eletrônicas

Por jornais franceses e outros, a agência francesa de notícias France Presse (AFP) despachou o relato "Brasil: Jair Bolsonaro questiona o sistema eleitoral". Logo abaixo: "O presidente brasileiro de extrema-direita, dado como perdedor nas pesquisas, voltou a atacar o sistema de urnas eletrônicas. Lula, favorito, lamenta 'mentiras contra nossa democracia'". Ecoando até em portais chineses como Sina, a espanhola EFE afirmou que "Bolsonaro levanta sua desconfiança nas urnas eletrônicas a cerca de 40 embaixadores". Ele "insiste em sua campanha para desqualificar o sistema de votação eletrônica, que no Brasil não foi alvo de uma única denúncia de fraude desde que foi adotado". Na noite passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desmentiu 20 declarações feitas pelo presidente, questionando o sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas.

Procuradoria

Integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) ouvidos reservadamente por uma colunista do diário conservador carioca O Globo apoiaram a abertura de uma investigação contra Bolsonaro “por conta dos ataques infundados às urnas eletrônicas em evento com embaixadores na última segunda-feira”. Na prática, o episódio obrigará o procurador-geral da República, Augusto Aras, a se manifestar sobre a necessidade ou não de abertura de uma apuração contra o chefe do Executivo. Aras é considerado um aliado pelo Palácio do Planalto. Os quatro integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) que falaram à coluna avaliam que são “graves” os novos ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. “O PGR é também o Procurador Geral Eleitoral e tem o dever, previsto expressamente na Constituição, de defender a ordem jurídica e o Estado Democrático de Direito, o que envolve tomar providências contra qualquer tentativa de desestabilização do processo eleitoral”, resumiu um dos procuradores da PGR.
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