Diretor da CIA fala em audiência no Senado sobre compra de urânio

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Publicado Quarta, 16 de Julho de 2003 às 15:26, por: CdB

O diretor da CIA, George Tenet, foi alvo de perguntas sobre as informações de inteligência divulgadas antes da guerra no Iraque em uma audiência a portas fechadas no Senado dos Estados Unidos na quarta-feira, em meio à polêmica criada sobre a acusação sem provas do presidente George W. Bush de que o Iraque estaria comprando urânio da África.

Esta foi a primeira ida de Tenet ao Capitólio desde que ele declarou publicamente que estava assumindo a responsabilidade pela aprovação da CIA (Agência de Inteligência dos EUA) do discurso presidencial do Estado da União, feito em janeiro, que incluiu a referência equivocada sobre o Iraque.

Esperava-se que os republicanos pressionassem para descobrir por que o chefe da CIA, que não leu o discurso do Estado da União antes de Bush pronunciá-lo, não se esforçou mais para evitar um erro em um discurso importante do presidente.

Os democratas devem lançar a culpa contra a Casa Branca e unir esforços para descobrir se alguém dali pretendia incluir a referência ao Iraque sabendo que ela estava baseada em informações falsas para, assim, aumentar a ameaça no momento em que o presidente tentava reunir apoio para ir à guerra.

O senador e candidato à Presidência John Edwards, democrata da Carolina do Norte, disse a repórteres antes da reunião que Bush precisava aceitar a responsabilidade pelo que estava no discurso.

- A responsabilidade não é da CIA, não é de ninguém mais, é responsabilidade do presidente - disse ele.

Tenet deve explicar o papel da CIA na polêmica. Em sua declaração pública feita na sexta-feira, o diretor da CIA afirmou que funcionários da agência que revisaram as notas no rascunho do discurso haviam demonstrado preocupação aos colegas do Conselho de Segurança Nacional na Casa Branca com relação à "natureza fragmentária da informação" sobre o fato de o Iraque comprar urânio da África. Então, partes do discurso foram mudadas.

Os funcionários da CIA acabaram concordando que o texto do discurso era efetivamente correto porque ele era atribuído a um relatório do governo britânico que dizia que o Iraque havia procurado urânio da África.

Mais tarde foi revelado que os relatórios de inteligência sobre o Iraque supostamente tentando comprar urânio do Níger eram parcialmente baseados em documentos falsificados. Segundo funcionários norte-americanos, o serviço de inteligência italiano divulgou relatórios sobre documentos do Níger para outras agências de informações ocidentais no início de 2002.

No centro da polêmica está um relatório de outubro da Estimativa Nacional de Inteligência dos EUA (NIE) sobre as armas de destruição em massa do Iraque, que cita relatos de que o Iraque começou "vigorosamente a tentar obter" mais urânio do Níger, Somália e Congo, o que diminuiria o tempo que Bagdá precisava para produzir armas nucleares.

Autoridades da Casa Branca citaram a NIE, que faz uma compilação de avaliações de várias agências de segurança, como uma das fontes da acusação de que o Iraque procurava urânio da África.

A principal justificativa para lançar uma guerra contra Bagdá, dada pela administração Bush, foi a de que o Iraque tinha armas químicas e biológicas e dava sinais de que estava recomeçando seu programas de armas nucleares.

Nenhuma dessas armas foi encontrada no Iraque desde a queda de Bagdá pelas forças norte-americanas em abril.

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