Documentário denuncia repressão da imprensa livre em Cuba

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Publicado Sábado, 03 de Abril de 2004 às 08:32, por: CdB

 "Em Cuba, a imprensa livre virou história e os jornalistas se tornaram trabalhadores ideológicos", denunciaram nesta sexta-feira, em Paris, os diretores do documentário "Partido único, diário único" (Partido único, jornal único), em que diversos profissionais da imprensa descrevem a repressão sob o regime de Fidel Castro.

Durante os 30 minutos de duração da fita, jornalistas de várias gerações mantêm um diálogo virtual sobre a história da imprensa na ilha, da ditadura de Fulgencio Batista, passando pela chegada de Fidel Castro ao poder (1959) até os nossos dias.


"Na época de Batista foram publicados todos os horrores do regime. Houve momentos em que se impunha a censura, mas quando as restrições acabavam, publicávamos o que antes nos fôra proibido", lembra a velha guarda do jornalismo cubano, hoje formada por idosos nostálgicos exilados em Miami.


Um deles, Agustín Tamargo, lembra no exílio o esplendor da imprensa de sua época e a esperança depositada em Fidel.


"Quando Fidel chegou ao poder, escrevi um artigo no (jornal) Prensa Libre, intitulado "No nos falles Fidel" (Não falhe conosco, Fidel). Ele não gostou", garantiu, lembrando que depois de um ano, o regime tinha conseguido "eliminar" toda a imprensa livre do país.


"É a diferença entre uma ditadura autoritária como a de Batista e a ditadura totalitária de Fidel", avaliou Jorge Masetti, co-diretor do documentário .


Para os cineastas, Cuba se tornou a "maior jaula do mundo para jornalistas", onde os profissionais da informação têm sido objeto de "pressões, agressividade, intensa vigilância e até mesmo trabalhos forçados se seus artigos desagradam o regime".


"Estamos resignados a viver e contar a história do nosso país de longe", lamenta no documentário Rosa Berre, ex-jornalista do diário oficial Granma, exilada desde os anos 80 em Miami.


Para os protagonistas do filme, produzido pela associação cubana Sin Visado (Sem Visto), com sede em Paris, e pela organização de defesa da liberdade de imprensa Repórteres sem Fronteiras, a "imprensa independente é a única que defende o povo diante dos abusos de poder, em Cuba e em qualquer outra parte do mundo".


"Digo o que está acontecendo, me limito a fazer um jornalismo de fatos", disse em entrevista concedida em 1996 o escritor e poeta Raul Rivero, que foi preso em 2003 e condenado a 20 anos de prisão.


Em março do ano passado, 75 opositores do regime de Fidel foram detidos numa brutal onda de prisões contra a dissidência interna, fato que provocou a condenação unânime da comunidade internacional.


No total, 26 jornalistas e escritores cubanos foram sentenciados a penas que vão de 14 e 27 anos de prisão por violar o artigo 91 do Código Penal cubano, que pune os "atos contra a independência ou a integridade territorial do Estado".


As mulheres de três deles enviaram uma carta, nesta sexta-feira, à organização Sin Visado em ocasião da apresentação deste documentário no qual denunciaram as "condições desumanas, cruéis e degradantes" que seus maridos sofrem na prisão e a campanha "propagandística de descrédito" empreendida pelo governo de Havana.


As signatárias se referem concretamente à recente abertura de várias prisões cubanas à imprensa estrangeira, pela primeira vez em 10 anos, frente ao aumento das denúncias internacionais sobre as más condições carcerárias.


As três afirmaram que o governo cubano deveria ser punido por "violar as normas mínimas internacionais para reclusos e principalmente, pela injustiça cometida ao condenar a dezenas de anos de prisão pessoas pacíficas pelo simples fato de expressar suas idéias".


A carta foi assinada por Gisela Delgado, esposa do dissidente Héctor Palacios Ruiz, condenado a 25 anos de prisão; por Miriam Leiva, esposa de Oscar Espinosa, economista condenado a 20 anos; e por Blanca Reyes, esposa de Raul Rivero.


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Edição digital

 

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