Dois magnicídios? O perigo de colombianizar a Venezuela

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Publicado Quarta, 23 de Outubro de 2002 às 13:46, por: CdB

Duas tentativas de assassinar o Presidente em um fim de semana perece demais. Alguns dizem que é inacreditável, outros que existem desesperados demais no país para atribuir essa idéia ao presidente constitucional Hugo Cháves Frias, antes que Lula e Lúcio ganhem o segundo turno em Brasil e Equador, respectivamente. No domingo o próprio Chaves denunciou que as autoridades haviam abortado uma tentativa de assassinato na madrugada do sábado 19 de outubro. Fez isso no seu programa dominical de rádio 'Alô, Presidente' e, talvez, não foi o meio melhor para comunicar um fato tão sério. Aí contou que alguém havia programado lançar um foguete contra o avião presidencial, na sua volta da viagem na Europa. Mostrou, inclusive, um lançador de mísseis AT4 de fabricação sueca, que era o que devia ser utilizado no ato terrorista. O vice-presidente José Vicente Rangel confirmou que os serviços de inteligência desmantelaram um plano com que se pretendia assassinar o Chefe de Estado e afirmou que no Governo não existe a menor dúvida a respeito. "Agora temos a certeza de que se tratou de um atentado frustrado e que os envolvidos nessa operação sabem perfeitamente que nós temos razão e, nos próximos dias, vão aparecer uma série de nomes" afirmou Rangel. Declarou também que o exército entregou todas as evidências à Procuradoria Geral. Segunda feira 21, houve uma greve parcial de 12 horas financiada pela central empresarial Fedecámeras com o apóio da direção da Confederação dos Trabalhadores da Venezuela, e contou com a solidariedade de comerciantes e empresários, não, porém, de muitos trabalhadores: trabalharam normalmente os petroleiros, os bancários, os metalúrgicos, os funcionários públicos, os transportes. E, como sempre, foi mais midiática que real. Naquela mesma tarde, quando funcionários do governo realizavam um ato oficial na Praça O Leary, os órgãos de segurança detiveram duas pessoas, ambas vinculadas à polícia da Prefeitura de Chacao (no oeste da cidade, controlado pela oposição de direita), que tinham em seu carro uma moderna escopeta com que esperavam defrontar-se com Chaves. Porém o Presidente não assistiu ao ato. Muitos dirigentes da oposição pensam que se trata de uma invenção do Presidente, para se passar por vítima. Outros consideram que, ao não encontrar-se caminhos para se sair de Chávez - nem pelas urnas e, menos ainda, pelas armas, porque sem dúvida, neste momento o Presidente conta com o apóio institucional das Forças Armadas, bem além do delírio de algum general o oficial sem tropa- a única saída pareceria o magnicidio. "Trata-se de uma colombianização do conflito venezuelano, onde aparecem o terrorismo, o uso de sicários e o paramilitarismo. È a confirmação de que, a partir da Colômbia, se joga também a desestabilizar o governo Chávez, de todas as formas. Já o governo de Bogotá protegeu o ditador -por pouco mais de um dia- Pedro Carmona, já os paramilitares colombianos tentam operar em território venezuelano por meio dos grandes fazendeiros de gado da costa sul do Lago de Maracaibo", afirmou o analista Emílio Rivas P., colunista da revista 'Question'. *Aram Aharonian é presidente da APEX, (Asociación de Periodistas Extranjeros en Venezuela)

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