Dólar tem em abril maior queda mensal em 2 anos

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Publicado sexta-feira, 29 de abril de 2005 as 17:09, por: CdB

O dólar encerrou abril com queda de 5,25%, o maior declínio mensal em dois anos, e analistas acreditam que ainda há espaço para mais apreciação do real.

Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana caiu 0,98%, para 2,528 reais. No ano, a baixa acumulada é de 4,75%.

De acordo com Adauto Lima, economista do banco WestLB do Brasil, existem fundamentos que abrem espaço para a cotação mais baixa do dólar – que, ao longo deste mês, chegou ao menor nível em quase três anos, a 2,511 reais.

– Tem a balança comercial muito forte, a conta corrente bastante positiva, e isso ajudado também por uma liquidez global ainda – afirmou.

A balança comercial brasileira tem surpreendido o mercado, com superávit acumulado de 11,357 bilhões de dólares no ano. Em 12 meses encerrados em março, as transações correntes têm superávit equivalente a 2,05 por cento do PIB – o maior da série histórica. 

Para o economista, “no cenário de curto prazo, salvo um estresse muito grande lá fora, o câmbio tende a ficar aí ou até ter uma apreciação”.

Alexandre Vasarhelyi, responsável por câmbio no banco ING, acredita que “a tendência (de queda do dólar) não mudou e ninguém tabelou que 2,50 é o fundo do poço”.
 
Mesmo assim, os analistas são mais cautelosos em fazer projeções para o próximo mês, já que nas últimas sessões observaram uma preocupação maior dos investidores com o risco e uma procura por ativos considerados mais seguros.

Uma piora nos mercados externos por conta das preocupações com a economia dos Estados Unidos pode servir como obstáculo para a valorização do real em maio.

Mas Lima, do WestLB, acredita que, ainda que o cenário de aversão a risco venha a se firmar, o mercado brasileiro pode não observar um movimento acentuado de saída de recursos.

– O fundamento da economia brasileira está melhor em termos de capacidade de pagamento em dólar, dada a balança comercial – disse, lembrando que o ingresso recursos segue forte, em especial das exportações.

Outro fator que poderá impor pressão sobre o câmbio é o retorno do Banco Central ao mercado, que desde a segunda quinzena de março não realiza leilões de compra de dólares e nem de swap cambial invertido.

Nas últimas sessões, o recuo do dólar trouxe expectativas de uma atuação do BC e algumas tesourarias reduziram posições vendidas por cautela.

Para Lima, a expectativa pode se confirmar no próximo mês.

– Mas menos do que comprava no início do ano porque acho que ele (BC) pretende deixar o câmbio mais apreciado para ajudar no combate a inflação.