Doleiro diz que financiou campanhas de PP, PMDB e PT

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Publicado segunda-feira, 11 de maio de 2015 as 10:59, por: CdB
Youssef
Durante a CPI da Petrobras, Youssef disse que financiou campanhas de vários candidatos do PP a pedido do ex-deputado José Janene

O doleiro Alberto Youssef disse, em depoimento à CPI da Petrobras, nesta segunda-feira, que participou diretamente do financiamento de campanha de políticos do PP, do PMDB e do PT. Youssef depõe neste momento no auditório do edifício-sede da Justiça Federal em Curitiba.

Ao responder a pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), ele disse que financiou campanhas de vários candidatos do PP a pedido do ex-deputado José Janene. O doleiro não mencionou nomes.

Youssef disse, porém, que financiou as campanhas dos senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) a pedido do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Segundo Youssef, o financiamento da campanha de Raupp teria sido feito através de doação oficial da empreiteira Queiroz Galvão, enquanto o da campanha de Hoffmann teria sido feito em dinheiro. O dinheiro teria sido entregue em Curitiba a pedido de Costa.

Palácio do Planalto

Youssef disse, ainda, que o Palácio do Planalto sabia do esquema de financiamento de campanha investigado na Operação Lava Jato. Segundo ele, em 2011 ou 2012, houve “um racha” entre os líderes do PP e isso foi motivo de discussão dos líderes com a Casa Civil e a Secretaria-Geral Presidência da República.

De acordo com Youssef, Paulo Roberto Costa disse que o Palácio do Planalto é que iria designar o novo “interlocutor” do partido. O líder do PP, na época, era o deputado Nelson Meurer (PP-PR).

Com o racha do partido, o Palácio do Planalto, com a participação de Paulo Roberto Costa, escolheu o deputado Arthur Lira (PP-AL) para substituir Meurer. Youssef disse que a troca de líderes foi feita por intermédio da então ministra Ideli Salvatti e do ex-secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ele negou, porém, ter repassado recursos para a campanha de Dilma Roussef em 2010.

Lava Jato

Sobre as irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato, o doleiro disse que não foi o mentor, mas “uma engrenagem nesse processo”.

Ao responder a perguntas do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), relator da CPI, Youssef disse conhecer pessoas investigadas na Operação Lava Jato, como Fernando Soares (conhecido como Fernando Baiano), Júlio Camargo (da empresa Toyo Setal) e o ex-policial Jayme Alves de Oliveira Filho.

Youssef confirmou à CPI o que já havia dito em depoimentos de delação premiada. Segundo ele, Júlio Camargo representava as empresas Toyo e Camargo Corrêa. De acordo com o doleiro, Camargo pediu a ele dinheiro que seria usado para evitar um pedido de informações da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara sobre o aluguel de sondas pela Petrobras.

– Ele [Camargo] me pediu que fizesse a ele operação a respeito de aluguel de sondas que ele fez com Soares para a Petrobras. Ele me disse que precisava pagar por conta de requerimento que o Fernando [Soares] tinha pedido ao deputado Eduardo Cunha para que pedisse à Comissão de Fiscalização informações sobre a Mitsui Toyo. Então ele me pediu que entregasse recursos para Fernando Soares – disse.

Segundo investigação do Ministério Público, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de informações da Câmara sobre aluguel de sondas da Petrobras à Toyo seria decorrente do atraso no pagamento de propina para Soares. O requerimento seria uma maneira de pressionar a empresa a fazer o pagamento.

Soares nega qualquer envolvimento no caso, bem como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.