A Rússia e os Estados Unidos entraram em conflito na terça-feira no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas por conta da Síria
Por Redação, com Reuters – de Washington:
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu a Rússia nesta quarta-feira sobre a iminente resposta de Washington para um suposto ataque químico na Síria, declarando que mísseis “estão a caminho” e criticando Moscou por apoiar o presidente sírio, Bashar al-Assad.
– A Rússia promete derrubar qualquer e todos os mísseis lançados contra a Síria. Se prepare Rússia, porque eles estão a caminho; bons e novos e inteligentes! Vocês não deveriam ser parceiros de um animal que usa gás para matar; que mata sua população e gosta – escreveu Trump em publicação no Twitter.
Relações entre EUA e Rússia
Trump, ofereceu, nesta quarta-feira, ajudar a economia russa e buscou um fim do que descreveu como uma “corrida armamentista” em uma aparente abertura diplomática menos de uma hora depois de advertir Moscou sobre um iminente ataque de mísseis na Síria.
– Nosso relacionamento com a Rússia é pior agora do que em qualquer outro momento; e isso inclui a Guerra Fria. Não há nenhuma razão para isso. A Rússia precisa da nossa ajuda com sua economia; algo que seria muito fácil de fazer, e nós precisamos que todas as nações trabalhem juntas. Paremos com a corrida armamentista? – escreveu Trump no Twitter.
Confronto
A Rússia e os Estados Unidos entraram em conflito na terça-feira no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas por conta da Síria e bloquearam as tentativas um do outro de estabelecer investigações internacionais sobre ataques com armas químicas no país devastado pela guerra.
Os EUA e outras potências ocidentais estão considerando tomar ação militar devido a um possível ataque a gás venenoso no sábado em uma cidade síria tomada por rebeldes que há tempos têm resistido contra forças do presidente Bashar al-Assad.
A Rússia vetou uma resolução esboçada pelos EUA para criar uma nova investigação para determinar culpa por tais ataques. Os EUA e outros países então bloquearam duas tentativas russas de estabelecer uma investigação diferente que iria exigir que o Conselho de Segurança determinasse responsabilidade.
Moscou se opõe a qualquer ataque ocidental contra seu aliado Assad. O embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, disse que a decisão de Washington de apresentar sua resolução pode ser um prelúdio de um ataque ocidental na Síria.
– Os Estados Unidos estão tentando novamente enganar a comunidade internacional e estão dando mais um passo em direção ao confronto – disse Nebenzia ao Conselho de Segurança de 15 membros. “Está claro que a medida de provocação não tem nada a ver com o desejo de investigar o que aconteceu”.
Violência
Pelo menos 60 pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas no possível ataque com armas químicas no sábado na cidade de Douma; de acordo com um grupo sírio de socorro. Médicos e testemunhas disseram que vítimas apresentaram sintomas de envenenamento; possivelmente por um agente nervoso, e relataram o cheiro de gás cloro.
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse ao Conselho de Segurança que a adoção da resolução esboçada pelos EUA era o mínimo que os países poderiam fazer.
– A história irá registrar isto, neste dia, a Rússia escolheu proteger um monstro sobre as vidas do povo sírio – disse Haley, se referindo a Assad.
EUA
Doze membros do conselho votaram a favor da resolução esboçada pelos EUA; enquanto a Bolívia se juntou à Rússia ao votar pelo não, e a China se absteve. Uma resolução precisa de nove votos a favor; e nenhum veto de Rússia, China, França, Reino Unido ou EUA para ser aprovada.
A França e o Reino Unido discutiram com o governo Trump sobre como responder ao incidente. Ambos destacaram que o culpado pelo incidente ainda precisa ser confirmado.
O incidente colocou o conflito de sete anos na Síria de volta ao fronte de preocupação internacional e deixou Washington e Moscou um contra o outro novamente.
Irã
Agravando a volátil situação na região, o Irã, outro importante aliado de Assad; ameaçou responder a um ataque aéreo contra uma base militar síria na segunda-feira pelo qual Teerã; Damasco e Moscou culparam Israel.
Na Síria, milhares de militantes e suas famílias chegaram em partes tomadas por rebeldes no noroeste do país após entregarem Douma a forças do governo.
A saída dos militantes restaurou o controle de Assad sobre Ghouta Oriental; anteriormente o maior bastião rebelde próximo a Damasco; e deu ao presidente sua maior vitória no campo de batalha desde 2016, quando ele retomou Aleppo.
Cheiro de gás
A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), sediada em Haia; informou que a Síria havia sido solicitada a fazer arranjos necessários para o envio de uma equipe de investigação.
– Esta equipe está se preparando para ir à Síria em breve – informou em comunicado.
A missão terá como objetivo determinar se munições proibidas foram usadas; mas não irá atribuir culpa. Médicos e testemunhas disseram que vítimas possuíam sintomas de envenenamento, possivelmente por um agente nervoso; e relataram o cheiro de gás cloro.
O governo Assad e a Rússia pediram para a Opaq investigar as acusações de uso de armas químicas em Douma; uma ação aparentemente com objetivo de evitar qualquer ação liderada pelos EUA.
– A Síria está disposta a cooperar com a Opaq para descobrir a verdade por trás das acusações; que algumas partes ocidentais têm feito para justificar suas intenções agressivas – informou a agência de notícias estatal síria, Sana.