Apoiado no sucesso de 2001 Onze Homens e Um Segredo e ajudado por um elenco ainda maior e mais glamouroso, além de belíssimas locações européias, ainda assim “Doze Homens e Um Outro Segredo” tem dificuldade em se situar.
É a história de um assalto, claro, com grandes nomes de Hollywood fazendo papéis de ladrões sofisticados. Dessa vez, porém, a mecânica da trama, que estréia nesta sexta-feira, acaba atrapalhando o resultado final.
Trabalhando com um roteirista novo, George Nolfi, o diretor Steven Soderbergh opera uma mudança crucial de estratégia.
Em vez de fazer com que o público se sinta parte de uma conspiração inteligente para realizar um roubo audaz, Soderbergh e cia. conspiram para iludir os espectadores com truques de prestidigitação ou indução ao erro.
Por mais que se possa curtir esses truques, o fato é que “Doze Homens” provoca interesse mais intelectual do que emocional.
Sejam quais forem suas falhas, porém, a presença de Catherine Zeta-Jones e do astro europeu Vincent Cassel, somada ao elenco de primeira linha do filme anterior — George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Don Cheadle e Julia Roberts –, deve garantir bilheteria poderosa para “Doze Homens” em todo o mundo.
A história surgiu a partir do desejo de Soderbergh de reunir o elenco de “Onze Homens” novamente, para uma sequência ambientada na Europa, e da descoberta de um roteiro de Nolfi sobre a disputa entre dois ladrões famosos, um americano e o outro europeu.
Juntos, Soderbergh e Nolfi reformularam a história para abranger um grande elenco de personagens que inclui Isabel Lahiri (Zeta-Jones), uma bela agente da Europol, e François Toulour (Cassel), um rico playboy francês que rouba por diversão.
A história tem mais deslocamentos temporais do que “A Máquina do Tempo”, de H.G. Wells, e vai e volta no tempo, deixando grandes brechas que obrigam o espectador a tentar adivinhar o que está acontecendo realmente.
Basicamente, o que acontece é o seguinte: três anos depois de a turma liderada por Danny Ocean (George Clooney) ter assaltado o cassino de Terry Benedict (Andy Garcia) em Las Vegas e de Ocean ter reconquistado sua ex-mulher, Tess (Julia Roberts), alguém os delata a Benedict, que os rastreia e localiza, um a um. Ele quer seus 160 milhões de dólares de volta, e com juros.
A quadrilha rapidamente se reúne, cada um saindo de seu respectivo esconderijo, e resolve fugir para a Europa para fazer assaltos suficientes para atender à exigência de Benedict.
Em Amsterdã, eles topam com dois obstáculos grandes. O primeiro é Isabel, uma agente inteligente e ambiciosa da Europol, que está sempre meio passo atrás deles. Talvez isso se deva ao fato de ela ter tido um caso com Rusty Ryan (Brad Pitt), ou então porque seu pai também foi um ladrão famoso.
O pior, porém, é que há outra pessoa que está sempre um passo à frente da quadrilha. Um ladrão misterioso conhecido como “Raposa da Noite” chega antes deles já no primeiro assalto planejado, roubando o tesouro que deveria ter ficado com eles.
Então, as coisas começam a fazer sentido: eles descobrem que quem os delatou foi François, que é justamente o Raposa da Noite. Ele estava irritado com a fama crescente da turma de Ocean, vista como a maior quadrilha de ladrões do mundo. Então, lança um desafio a Ocean: ver quem será o primeiro a roubar um ovo Fabergé de um museu romano.
Ao contrário da operação em Las Vegas, as coisas não param de dar errado para a quadrilha de Danny Ocean. A polícia é avisada de antemão, membros-chave do grupo são presos, e um deles termina na cidade errada.
Várias coisas dão errado também com o roteiro, na medida em que muitas das subtramas não evoluem. O roteiro não aproveita o personagem de Bernie Mac, que faz um funcionário de cassino Frank Catton, nem Casey Affleck e Scott Caan, nos papéis dos irmãos Malloy, que não param de brigar.
O dono de cassino representado por Elliot Gould e o ladrão das antigas feito por Carl Reiner quase não aparec