Economia segue em declínio e tende a piorar, aponta pesquisa do BC

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Publicado Segunda, 05 de Setembro de 2016 às 14:04, por: CdB

A projeção das instituições financeiras para a economia com base na inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi mantida em 7,34%. Para 2017, a estimativa caiu de 5,14% para 5,12%

 
Por Redação - de Brasília
  Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam um encolhimento um pouco maior da economia, este ano. A estimativa para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 3,16% para 3,20%. Para 2017, a previsão de crescimento subiu de 1,23% para 1,30%. As projeções fazem parte de pesquisa feita todas as semanas pelo BC sobre os principais indicadores da economia.
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A pesquisa indica que a inflação acumulada nos últimos 12 meses (9,34%) ficou também abaixo dos 9,95% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores
A projeção das instituições financeiras para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi mantida em 7,34%. Para 2017, a estimativa caiu de 5,14% para 5,12%. As estimativas estão distantes do centro da meta de inflação de 4,5%. Para este ano, a projeção ultrapassa também o limite superior da meta que é 6,5%. O teto da meta em 2017 é 6%. É função do BC fazer com que a inflação fique dentro da meta. Um dos instrumentos usados para influenciar a atividade econômica e, consequentemente, a inflação, é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, mas a medida alivia o controle sobre a inflação.

Economia em xeque

Ainda segundo a pesquisa, a perspectiva para a taxa básica de juros em 2017 foi reduzida, ao mesmo tempo em que melhorou tanto o cenário para a inflação quanto para o crescimento econômico do Brasil. Os economistas ouvidos semanalmente na pesquisa Focus passaram a ver a Selic a 11% no final do ano que vem, contra 11,25% na semana anterior. Para este ano, eles continuam vendo a taxa básica de juros, atualmente em 14,25%, a 13,75%. O grupo de economistas que mais acerta as previsões no levantamento, o Top-5, também prevê a Selic a 13,75% este ano, mas continua vendo a taxa a 11,25% no fim de 2017. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a Selic em 14,25% ao ano e retirou de seu comunicado a expressão de que não há espaço para corte de juros, usada nos últimos meses. Diante disso, o mercado de juros futuros passou a mostrar apostas divididas entre a possibilidade de corte da Selic no mês que vem e a manutenção em 14,25%. A expectativa agora gira em torno da divulgação da ata dessa reunião na terça-feira, quando os investidores buscarão mais pistas sobre os próximos passos da política monetária. Para a inflação, o Focus divulgado nesta segunda-feira mostrou que a expectativa de alta do IPCA em 2016 continua em 7,34%, mas para o ano que vem a estimativa chegou a 5,12%, 0,02 ponto percentual a menos do que no levantamento anterior. A estimativa de contração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano agora é de 3,20%, sobre queda de 3,16% na semana anterior. Mas a expansão esperada em 2017 melhorou e é de 1,30%, ante 1,23%.

Dólar reage

Após a divulgação da pesquisa e diante do quadro de instabilidade político-econômica em que se encontra o país, o dólar subia frente ao real nesta segunda-feira, com investidores preferindo a cautela diante do contexto ainda conturbado e em meio à liquidez reduzida nos mercados globais devido ao feriado do Dia do Trabalho nos EUA. Às 10:43, o dólar avançava 0,24%, a R$ 3,2612 na venda, após atingir R$ 3,2704 na máxima da sessão e R$ 3,2474 na mínima. O dólar futuro subia por volta de 0,10% nesta manhã. — O contexto político continua sendo bastante desafiador. Temer ainda não foi capaz de convencer o mercado de que ele vai conseguir atravessar a tormenta e aprovar as reformas fiscais — disse à agência inglesa de notícias Reuters o operador da corretora B&T Marcos Trabbold, referindo-se ao presidente de facto, Michel Temer. Ruídos ligados à base aliada do presidente recém-empossado vêm alimentando a cautela nos mercados locais, que esperam cada vez mais impacientemente um sinal de força política que demonstre que o governo Temer será capaz de colocar as contas públicas em ordem. Em viagem à China no fim de semana, Temer afirmou que o governo deve anunciar em 13 de setembro o primeiro pacote de concessão de ativos de infraestrutura, mas não deu mais detalhes. O viés mais cauteloso no mercado local vinha também em meio ao baixo volume de negócios, com os mercados norte-americanos fechados devido a feriado. Operadores não descartavam a possibilidade de episódios de volatilidade ao longo da sessão, já que a liquidez reduzida tende a potencializar o impacto de operações pontuais. — A semana só começa de fato na terça-feira — disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado. Nesta manhã, o Banco Central vendeu novamente a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.
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