Economista diz que plano econômico do PT será parecido com o de Pedro Malan

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Publicado quinta-feira, 18 de outubro de 2001 as 17:23, por: CdB

O economista-chefe do Unibanco Asset Management, Alexandre Mathias, acredita que não há como resolver a dúvida sobre um provável plano econômico do PT pois, segundo ele, não é de interesse do partido clarificar essa posição, porque não haveria alternativa de política econômica muito diferente daquela que está sendo posta em prática pelo atual governo. “A não ser partir para uma heterodoxia radical, o que não creio que vá acontecer”, disse. “Fazer a promessa de um mundo melhor é mais fácil do que explicar como chegar lá. Se explicar, vai ficar muito parecido com o que temos agora”, ponderou o economista do Unibanco, acrescentando que há um consenso, no mercado, de que a definição de política econômica dada pelo governo está correta.

O economista do PT Guido Mantega rebateu as críticas de que o partido não tem definida uma posição em relação à condução da dívida pública num eventual governo petista. “É um pouco de terrorismo, pois o PT tem se esforçado em dizer que todos os contratos serão respeitados”, afirmou Mantega à Agência Estado.

“O PT foi um dos únicos partidos que deixou claro que não vai dar nenhum calote”, disse ele, acrescentando que o que o partido mais precisa é angariar a confiança do mercado financeiro, e não seria fazendo uma ameaça de calote que poderia assumir um novo governo. “O Brasil tem todas as condições de cumprir com as obrigações que assumiu, tanto da dívida interna como externa”, disse Mantega.

Dívida após 2002

O secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rubens Sardenberg, reconheceu que de fato já existe uma custo adicional nos preços dos papéis que vencem depois de 2002 – ano da eleição – e, também, o encurtamento dos prazos, por conta do processo de transição do governo federal. Mas Sardenberg destacou que hoje o principal responsável pelo aumento dos prêmios pedidos pelos investidores é ainda o medo do impacto da crise internacional na economia brasileira, e de uma interrupção do fluxo de capital para os países emergentes.

“Nesse contexto, a questão eleitoral acaba pegando carona e não é preponderante”, avaliou o secretário, que é responsável pela administração da dívida em títulos do Tesouro. Ele não vê maiores dificuldades para a gestão da dívida nesse período de eleição e transição de governo. “Até agora não vi, entre os potenciais candidatos à presidência, nenhuma declaração de ruptura que não levasse em conta as regras vigentes de mercado”, disse o secretário.

Para ele, “é natural e faz parte do jogo”, esse aumento dos prêmios no período pré-eleitoral.

Mas, de acordo com o economista-chefe do Banco Santos, Rogério Mori, o risco eleitoral já pode ser observado no aumento do deságio cobrado das Letras Financeiras do Tesouro (LFT), título pós-fixado considerado tecnicamente sem risco para o investidor, porque é corrigido pela taxa Selic. “Existem incertezas, e o mercado se preocupa”, disse Mori, que acha que o deságio pode aumentar.

O economista-chefe do Lloyds TSB, Odair Abate, não acredita que o risco eleitoral já esteja embutido nos preços dos títulos, e previu uma pressão maior por conta das eleições somente a partir do próximo ano. Mas ressaltou que, quando esse risco estiver presente, a situação poderá ser sentida de forma mais forte, principalmente nas cotações do dólar. Abate aposta que o dólar poderá quebrar a barreira de R$ 3,00 na época das eleições. Passado o pleito, ele prevê um recuo da cotação à medida que o mercado passe a tomar mais conhecimento das reais intenções do sucessor de FHC.