O economista Eduardo Moreira até concorda com a existência de um componente externo (coronavírus), mas considera a desconfiança dos mercados no governo Bolsonaro e no ministro da Economia, Paulo Guedes, a principal razão da crise que no Brasil se arrasta há cinco anos.
Por Redação, com RBA – de São Paulo
Os efeitos que o novo coronavírus exerce sobre a economia são menos danosos do que as atitudes do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Para o economista Eduardo Moreira, o peso do coronavírus precisa ser relativizado na instabilidade do mercado financeiro, que tem registrado quedas nas bolsas de valores e alta do dólar.
Moreira até concorda com a existência de um componente externo (coronavírus), mas considera a desconfiança dos mercados no governo Bolsonaro e no ministro da Economia, Paulo Guedes, a principal razão da crise que no Brasil se arrasta há cinco anos. Nesta sexta-feira, a moeda norte-americana chegou a bater a cotação inédita de R$ 4,51.
— Só existe crescimento com investimento. A riqueza não aparece do nada. E só há investimento quando há confiança. E essa confiança foi absolutamente destruída pelo governo de Jair Bolsonaro e sua equipe, principalmente seu ministro Paulo Guedes — afirmou Moreira, em entrevista à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), comparando a situação brasileira com a de outros países mais afetados com o coronavírus.
Em briga
Segundo Moreira, o valor da Bolsa brasileira em dólares – porque a Bolsa nada mais é do que o valor das empresas negociadas em mercado – caiu mais do que o dobro da norte-americana, da mexicana e da espanhola, por exemplo.
— E por que no Brasil os mercados estão tão mais nervosos do que em países onde a situação do coronavírus está mais grave? — questiona.
Para Moreira, não adianta baixar a taxa de juros, porque a medida é insuficiente para atrair investimentos.
— Além de ter zero de investimento, a pessoa pode ainda perder tudo o que investiu. Sem investir, (as empresas) não contratam, não compram matéria prima; aí as pessoas não têm renda, param de gastar. Há demissões, diminui a renda e entra nessa espiral negativa. Mas o governo está em guerra com o Judiciário, com mais da metade do Brasil, com a economia com crescimento pífio no ano passado, um terço do que o FMI previa, já sendo revisado para baixo. Quem vai investir em um cenário assim? Ninguém — conclui.