Eleitores do Reino Unido começaram a votar na manhã desta quinta-feira na eleição parlamentar de resultado mais imprevisível das últimas décadas no país. O pleito pode deixar a quinta maior economia do mundo um passo mais perto de deixar a União Europeia (UE) e fortalecer sentimentos nacionalistas na Escócia.
De sete pesquisas de opinião divulgadas na véspera do pleito, três mostraram os dois principais partidos, Conservador e Trabalhista, empatados. Outras três colocaram os conservadores à frente por apenas um ponto percentual, e uma deu aos trabalhistas dois pontos percentuais de vantagem.
Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo instituto Populus indicou um empate entre os dois partidos, com 33% das intenções de voto cada.
Diante do clima tenso, o jornal britânico The Times trouxe na capa da edição desta quinta-feira a manchete “Dia do Juízo Final”, chamando o pleito de “a eleição mais importante para uma geração”.
Tanto o líder do Partido Conservador, o primeiro-ministro David Cameron, quanto o líder do rival Partido Trabalhista, Ed Miliband, insistem que conseguirão uma clara maioria dos 650 assentos do Parlamento. Mas, de acordo com as pesquisas, é provável que eles tenham que negociar com partidos menores para formar um governo.
– Esta disputa será a mais acirrada que já vimos – disse Miliband a simpatizantes na véspera da votação. Já Cameron afirmou que apenas o seu partido é capaz de oferecer um governo forte e estável. “Todas as outras opções resultarão em caos”, declarou o premiê.
As urnas abriram às 7h (hora de Londres, 3h em Brasília) para os 48 milhões de eleitores do país e fecham às 22h. Uma pesquisa de boca de urna deve ser publicada a seguir, e os resultados oficiais estão previstos para as primeiras horas desta sexta-feira.
Conservadores e trabalhistas
O Partido Conservador promete empregos e recuperação econômica e anunciou uma redução do imposto de renda para 30 milhões de pessoas. Se vencer, Cameron também prometeu um referendo sobre a permanência ou não do Reino Unido na UE para 2017.
O Partido Trabalhista, por sua vez, afirma que aumentará o imposto de renda para o 1% que ganha mais no país e que defenderá os interesses das famílias trabalhadoras e o financeiramente abalado Serviço Nacional de Saúde.
Se nenhum dos dois partidos conseguir maioria no pleito, as negociações com outras legendas deverão começar já nesta sexta-feira. O resultado pode ser uma coalizão, como a que Cameron vem liderando nos últimos cinco anos, com o Partido Liberal Democrata, ou um frágil governo minoritário, obrigado a fazer acordos para conseguir apoio em questões-chave.
O Partido Nacional Escocês (SNP), a favor da independência da Escócia, disse que apoiará um governo minoritário do Partido Trabalhista, mas não do Conservador. Já os liberais-democratas, atuais parceiros de Cameron, dizem estar abertos para trabalhar com qualquer um dos dois grandes partidos.
O SNP deve conquistar a maioria das cadeiras reservadas à Escócia no Parlamento britânico, às custas principalmente dos trabalhistas.
O eurocético e populista de direita Partido da Independência do Reino Unido (Ukip) deve conquistar um número limitado de assentos e, por isso, desempenhar um papel pequeno nas negociações pós-eleição.
O novo governo, liderado por Cameron ou por Miliband, enfrentará o primeiro grande desafio no próximo dia 27 de maio, quando parlamentares votarão o programa legislativo, após o tradicional discurso da rainha Elizabeth 2ª.