Em conversa com governador, Lula protesta contra fim das leis trabalhistas

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Publicado Segunda, 29 de Junho de 2020 às 15:22, por: CdB

Durante a conversa, transmitida ao vivo pela internet e em centenas de rádios, país afora, Lula afirmou que, como resultado da pandemia de coronavírus, a sociedade brasileira entendeu que o Estado não pode ser mínimo.

Por Redação - de São Luís e São Paulo

Em conversa de mais de uma hora com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), nesta segunda-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a abertura de uma grande discussão nacional sobre o trabalho, no Brasil pós-pandemia. O líder petista pegou como exemplo o caso dos entregadores de aplicativo como uma das categorias que foram “deserdadas” pelo Estado brasileiro e perderam todos os direitos trabalhistas.

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Lula e Dino realizaram uma transmissão, ao vivo, para centenas de rádios e canais de internet, nesta segunda-feira

— O companheiro que está numa moto entregando pizza à 1h da manhã, ele não é microempreendedor. Ele é quase um microescravo. Vamos ter que reagir e fazer uma lei para garantir a regulamentação dessas pessoas que estão deserdadas pelo Estado brasileiro — disse o ex-presidente.

Com fome

Durante a conversa, transmitida ao vivo pela internet e em centenas de rádios, país afora, Lula afirmou que, como resultado da pandemia de coronavírus, a sociedade brasileira entendeu que o Estado não pode ser mínimo. Lula lembrou da frase dita por Paulo Roberto da Silva Lima, líder do movimento dos Entregares Antifascistas.

Segundo Galo, como ele é conhecido, dói ter que trabalhar com fome levando comida nas costas.

— Tudo o que conquistamos no século XX, estamos perdendo agora no século XXI. É indescritível. Nada que os trabalhadores conquistaram veio de graça. Foi muito sacrifício. Acabaram com os direitos e venderam a ideia de que todo mundo é microempreendedor. Mas agora que as pessoas estão descobrindo — frisou o ex-presidente.

Pandemia

Dino complementou o pensamento de Lula ao afirmar que “os trabalhadores por aplicativo têm tecnologia do século XXI e direitos do século XVIII”.

Justamente estes entregadores farão uma greve nacional na próxima quarta-feira, por melhores condições de trabalho. Eles prometem paralisar as entregas para forçar as empresas a aumentarem o valor mínimo pago pelas corridas. Além disso, também reivindicam outros benefícios, como vale-refeição e seguro contra roubo, acidente e de vida, dentre outros.

Lula e Dino também cobraram celeridade no pagamento do auxílio emergencial, bem como a sua prorrogação, sem redução do valor. Ambos defenderam o auxílio direto a micro e pequenos empreendedores, não apenas na forma de empréstimo.

Desespero

O governador maranhense é favorável ao investimento de recursos públicos direto na conta dessas empresas, que teriam como contrapartida a manutenção do emprego. Ademais, o ex-presidente voltou a defender a necessidade de “rodar dinheiro novo” para suprir as necessidades criadas pela crise.

Lula também disse que os trabalho dos governadores no combate à pandemia tem dado “sinais de esperança ao país”. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro, que deveria coordenar o esforço nacional de enfrentamento, “só dá sinais de desespero”.

O petista afirmou, ainda, que o Brasil tem hoje o governo mais desmoralizado da história, o que afasta investimentos. “Se o Bolsonaro não mudar de comportamento nessa pandemia, nós vamos nos arrastar até 2022 chorando a morte de milhares de vidas que poderiam ter sido salvas.”

Assista ao encontro, na íntegra:
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