Empresários reclamam de lentidão e governo pede investimentos

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Publicado terça-feira, 8 de junho de 2004 as 17:00, por: CdB

Sob fortes críticas de empresários do setor de infra-estrutura em relação à lentidão do governo, diversos ministros defenderam nesta terça-feira que a participação da iniciativa privada é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável do país.

Um encontro promovido pela Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) em Brasília serviu de palco para que empresários expusessem suas queixas e para que o governo reafirmasse o discurso de que está sendo construído no Brasil um ambiente mais confiável e, portanto, mais atrativo para os investimentos.

Uma das principais demandas dos empresários foi por mais agilidade do governo na execução de projetos. Além disso, cobraram mais gastos por parte do poder público, de modo que sejam usados os recursos previstos no Orçamento.

“Nós todos sabemos o que precisa ser feito e por que não fazemos? Precisamos melhorar a velocidade de execução, que é o problema maior que temos”, afirmou o diretor presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli.

Mas o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ressaltou que mesmo com a ampliação da poupança pública a capacidade de investimento do governo não seria suficiente para garantir o crescimento sem gargalos. “Precisamos deixar isso muito claro.”

A limitação na capacidade de investimento público foi repetida pelo ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, que lembrou da necessidade de se manter o superávit primário e os gastos obrigatórios, como os ligados à Previdência.

Mantega destacou, no entanto, que sem investimentos em infra-estrutura “a economia brasileira morre na praia, ou morre no porto”, fazendo uma alusão a um dos maiores gargalos atuais.

E, para garantir mais investimentos privados, Palocci defendeu a criação dos mecanismos necessários. Além das parcerias público-privadas, cujo projeto está em tramitação no Senado, o ministro da Fazenda ressaltou que a questão dos marcos regulatórios é “fundamental”.

Palocci reconheceu que o trabalho de avançar na chamada agenda microeconômica –capaz de criar um ambiente ainda mais propício à confiança do empresariado– não é das mais simples. Mas avaliou que a prolongada discussão sobre Lei de Falências no Congresso, por exemplo, acabou melhorando o projeto.

Já o presidente do grupo Telefônica no Brasil, Fernando Xavier, avaliou que o “timing” entre iniciativa privada e governo não está alinhado. Na visão dele, o crescimento do país é pequeno, se comparado com outros países com características semelhantes porque “a eficiência das instituições não é tão grande”.

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, foi mais direto no apelo aos empresários, prometendo que o governo não vai decepcioná-los.

“Podem investir, podem confiar no Brasil e no governo que o país vai crescer”, afirmou, acrescentando que metade dos problemas desaparecem quando o país cresce.