Empresas se defendem de relatório sobre contaminação das águas brasileiras

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Publicado domingo, 26 de setembro de 2004 as 13:28, por: CdB

Dez empresas que têm atividade no Brasil são citadas no relatório que aponta os principais casos de contaminação de água no país. O ranking foi feito com base nas denúncias recebidas pela Defensoria da Água, entidade responsável pela elaboração do relatório “O Estado Real das Águas no Brasil – 2003/2004” foi elaborado pela Defensoria da Água, formada pelo Ministério Público Federal, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Cáritas. O documento será entregue, em outubro, à Organização das Nações Unidas (ONU).

A Petrobras abre a lista, seguida pela Shell, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Grupo Gerdau, Votorantim, Schultz Compressores, Fundição Tupi, Cargill, Chrysler e Rhodia, que apresenta as empresas que mais se destacaram entre as denúncias recebidas. “Nas empresas, a água tem um uso econômico, mas o custo é socializado por toda a população”, disse o secretário geral da Defensoria da Água, Leonardo Morelli.

Pesquisadores da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, da UFRJ, analisaram as informações financeiras e contábeis de empresas do setor de siderurgia e celulose. A coordenadora da pesquisa, Araceli Ferreira, disse que há pouca transparência nos balanços e relatórios destas empresas quanto aos investimentos ambientais.

Segundo Araceli Ferreira, um dos principais problemas é que as empresas não reconhecem os seus passivos ambientais, ou seja, as dívidas provocadas pelos prejuízos que as indústrias causam ao meio ambiente. Outro problema é que os documentos disponíveis não explicitam quanto do investimento ambiental foi destinado a ações de prevenção e quanto foi usado apenas para recuperação de danos já causados.

O relatório aponta que, em 2004, o Grupo Gerdau foi o que mais investiu, , no setor siderúrgico, em ações de meio ambiente. O investimento equivale a 5% do resultado operacional da empresa. “Como o custo ambiental da atividade não é divulgado, não há como saber se esse valor é muito ou pouco”, comentou a professora.

Araceli Ferreira disse que esse acompanhamento dos investimentos ambientais de empresas no Brasil vai ser contínuo. O levantamento é feito pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, da UFRJ, em parceria com a Defensoria da Água.

Entre as denúncias envolvendo a Petrobras, Cargill e Daimler Chrysler está o depósito de material tóxico no Aterro Mantovani, em Santo Antonio de Posse (SP). O caso do Aterro Mantovani é apresentado como o pior exemplo de contaminação no país. De acordo com o relatório, mais de 50 indústrias multinacionais fizeram uso do aterro, despejando mais de 500 mil toneladas de material tóxico e contaminando rios e pessoas no município. O Ministério Público Federal anunciou a abertura de inquérito civil público para apurar o caso.