Encurralado, Temer concorda em deixar o Planalto sem resistência

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Publicado Terça, 11 de Julho de 2017 às 11:54, por: CdB

Na tentativa de evitar a possível queda de Temer, os deputados que ainda se mantêm na base aliada ao governo protocolaram, nesta terça-feira, na CCJ um voto em separado no processo de denúncia por corrupção passiva.

 

Por Redação - de Brasília

 

Presidente de facto, Michel Temer afirmou, nesta terça-feira, que respeitará a decisão da Câmara dos Deputados quanto à denúncia apresentada contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR), seja qual for o resultado. De fato, não lhe resta outra opção, caso seja afastado do cargo por 180 dias, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitar e iniciar o julgamento da ação.

— A Câmara, não posso deixar de dizer isso, tem uma importantíssima decisão a tomar ainda nesta semana. E eu respeitarei qualquer que seja o resultado da votação — disse Temer. Ele tocou no assunto durante um discurso no lançamento do programa de financiamento do Banco do Brasil para a agricultura.

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Temer, pressionado por denúncias em série, promete cair sem resistência

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara votará a admissibilidade da denúncia contra Temer, nos próximos dias. O relator, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), apresentou parecer favorável para que a Casa autorize o STF a julgá-lo por crime de corrupção passiva.

Voto em separado

Na tentativa de evitar a possível queda de Temer, os deputados que ainda se mantêm na base aliada ao governo protocolaram, nesta terça-feira, na CCJ um voto em separado no processo de denúncia por corrupção passiva. Assinam o documento os 11 integrantes do PMDB que compõem a comissão como titulares ou suplentes.

O voto apresenta argumentos contrários ao parecer proferido na véspera pelo deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ). Em seu voto, recomendou o prosseguimento da acusação contra Temer no STF. No relatório alternativo, os governistas apontam a fragilidade das provas apresentadas pela PGR. Eles pedem a inadmissibilidade da denúncia.

Articulações

Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), por sua vez, tenta manter-se distante da tormenta que se abate sobre o Palácio do Planalto. A interlocutores, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, Maia tem dito que a queda do peemedebista é irremediável.

Em sua residência, em Brasília, a movimentação de parlamentares e líderes de legendas até agora aliadas ao governo se intensifica. No domingo, durante o jantar, serviu pizza e sopa aos convivas. Um dos parlamentares presentes ao encontro relatou a jornalistas que Maia reproduziu aos presentes o cenário desenhado, durante a tarde, ao próprio Temer, durante encontro no Palácio do Jaburu.

Maia afirmou ter dito ao mandatário em queda que ele poderá sobreviver à votação, no plenário da Casa, da primeira denúncia apresentada pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Mas, certamente, não resistirá à segunda ou à terceira acusações encaminhadas ao Legislativo.

Para Maia, o resultado da primeira votação influenciará diretamente a segunda. Segundo afirmou, os deputados da base se desgastariam uma vez em defesa de Temer, mas numa outra ocasião ficaria "mais difícil".

Processado

Não bastasse o processo a que responderá junto ao STF, caso a maioria dos deputados permita, Temer precisará enfrentar uma nova ação. Ele será acusado por tentativa de comprar votos, na denúncia dos parlamentares Alessandro Molon (Rede/RJ) e Randolfe Rodrigues (Rede/AP).

Os denunciantes afirmam que Temer se envolveu na compra de votos na CCJ, substituindo parlamentares que tendiam a votar pela aceitação da denúncia contra ele. Um dos deputados afastados da CCJ, Delegado Waldir, chamou Temer de "bandido" e seu governo de organização criminosa.

— Me venderam. Governo corrupto, vai cair. Sabem o que é isso? Barganha! — protestou, aos gritos. O deputado foi substituído na CCJ.

Com o episódio, “Temer reincidiu na obstrução à Justiça”, afirmou Molon. A segunda denúncia que será apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra Michel Temer se baseia em acusações de que ele tenha mandando silenciar Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, que estão presos, com dinheiro da JBS.

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