O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou na manhã desta terça-feira que não vê necessidade de o Brasil assinar um acordo adicional que permita a inspeção das instalações de enriquecimento de urânio em Resende, região Sul do Estado do Rio. Ele não descartou a assinatura do acordo, mas afirmou que "o Brasil pode garantir plenamente à comunidade internacional" que as pesquisas na área nuclear são para fins pacíficos.
- Essa questão de ser possível ou impossível (assinar o acordo) vai além da minha capacidade de prever. Essa é uma questão a ser analisada à luz dos interesses brasileiros, levando em conta dois princípios: primeiro, dar garantias plenas à comunidade internacional de que nossa pesquisa e atividade nuclear são exclusivamente para fins pacíficos. E acho que há uma possibilidade de fazer isso sem assinatura de protocolo adicional. O segundo aspecto é preservar nossa capacidade de desenvolver uma tecnologia que é importante para se ter energia barata e para que possamos ter independência nesse setor - disse o ministro.
Ele também afirmou que o país tem cumprido os tratados internacionais e é contra a proliferação de armas nucleares. Segundo disse ele, "é preciso preservar a capacidade brasileira de desenvolver novas tecnologias com fins pacíficos".
Sobre a matéria do Washington Post, que acusou o Brasil de impedir a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no programa nuclear brasileiro, Amorim foi categórico:
- Eu não sou investigador e não falo sobre suspeitas. Essa discussão tem sido feita através da agência atômica. Agora, se há pressão desse ou daquele país, é uma questão que não sei dizer. Eu lido com a realidade e às vezes também com a percepção. Nesse caso, o Brasil precisa ver o que é essencial para que mantenha o enriquecimento de urânio de maneira autônoma e dentro disso dar as garantias internacionais.