O fato é que as denúncias contra o governo de Temer já se avolumam nos últimos seis meses, tanto que o presidente teve um ministro demitido por denúncias gravíssimas a cada 30 dias
Por Jandira Feghali – de Brasília
O crime de responsabilidade de Michel Temer tomou os jornais na mesma velocidade com que o presidente ilegítimo ajudou seu fiel companheiro Geddel Vieira Lima. A ajuda, revelada em espantoso arroubo de um ex-ministro da Cultura, mostra que seu governo não passa de um conluio de conspiradores baixos e sempre atuando em defesa de interesses privados. E na Presidência da República!
É permeado por esses fatos, inteiramente expostos, que movimentos sociais já costuram um pedido de impeachment contra Temer. Nesta semana, em reunião ampliada com diversas entidades do movimento social, parlamentares de vários partidos na Câmara e Senado, chegou-se a um consenso: o tempo do presidente sem votos acabou.
O fato é que as denúncias contra o governo de Temer já se avolumam nos últimos seis meses, tanto que o presidente teve um ministro demitido por denúncias gravíssimas a cada 30 dias. Some-se a isso as gravações que revelam que a ideia deste grupo político era embarreirar investigações da Lava jato e de impor um projeto atrasado e derrotado nas urnas inúmeras vezes.
Já tramita na Procuradoria Geral da República pedidos de investigação por parte de nós, parlamentares da oposição, que se investigue o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da advogada-geral da União, Grace Mendonça, como também o presidente ilegítimo por crimes de concussão e advocacia administrativa.
Golpe caro
Padilha teria pedido a Calero que levasse o caso à AGU, “onde tudo seria resolvido”. Isso tudo para beneficiar um empreendimento imobiliário irregular de Geddel, é claro. E Michel Temer assume o lado de Geddel e interfere para dar a solução. Comete assim crime de responsabilidade, segundo a Lei do Impeachment, 1079/50, no artigo 9°, incisos 3, 4 e 7.
O atalho ao poder por golpistas tem custado caro ao Brasil. A PEC 241, hoje 55, no Senado, movimenta multidões contrárias nas ruas e nas redes constantemente. Não há um especialista sequer que defenda a PEC do ‘Teto de Gastos’ numa nação que precisa crescer. Como manter suas políticas e direitos sociais extirpando recursos em saúde, educação e habitação?
Interromper esse governo retrógrado é importante para devolver ao povo brasileiro a soberania do voto popular, rasgado neste ano por um golpe ambicioso e rasteiro. O mais sensato é que Temer renuncie ao posto que nunca fora dele, nem de seus aliados enlameados à luz do dia. Que tenhamos, novamente, “Diretas Já!”.
Jandira Feghali é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e líder da oposição.