Enviado dos EUA ao Haiti renuncia por ações 'desumanas'

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Publicado Quinta, 23 de Setembro de 2021 às 11:01, por: CdB

 

A renúncia ocorre em um momento bastante controverso da administração de Joe Biden que, desde a última semana, começou a fretar voos de repatriação com milhares de haitianos que foram presos na fronteira com o México ao tentar entrar ilegalmente nos EUA.

Por Redação, com ANSA - de Washington

O enviado especial dos Estados Unidos para o Haiti, Daniel Foote, anunciou sua demissão nesta quinta-feira por não concordar com o "tratamento desumano" dado para os migrantes haitianos que tentam entrar no território norte-americano.
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Milhares de haitianos tentam entrar nos EUA nas últimas semanas
Em carta enviada ao secretário de Estado, Antony Blinken, Foote afirmou que não quer ser associado "com as decisões desumanas e contraproducentes" tomadas por Washington para "repatriar milhares de refugiados e imigrantes ilegais haitianos para o Haiti, país onde os funcionários norte-americanos precisam ficar confinados em complexos protegidos por conta do perigo provocado por gangues armadas". Ainda conforme o representante, a ilha "está afundada na pobreza e refém do terror" e ele não pode aceitar a repatriação de "milhares de migrantes que retornarão sem comida, casa ou dinheiro, em uma tragédia humana evitável". "Mais refugiados irão alimentar ainda mais o desespero e o crime", acrescentou. A renúncia ocorre em um momento bastante controverso da administração de Joe Biden que, desde a última semana, começou a fretar voos de repatriação com milhares de haitianos que foram presos na fronteira com o México ao tentar entrar ilegalmente nos EUA.

Agentes chegaram a usar chicotes

Além disso, imagens divulgadas pela mídia norte-americana mostram que agentes do Texas chegaram a usar chicotes contra pessoas que tentavam fazer a travessia. Estima-se que entre 10 e 13 mil haitianos estejam no local. Ainda sem ter se recuperado dos danos provocados por um terremoto de 7 graus na escala Richter em 2010, que provocou mais de 200 mil mortes e danos bilionários, o Haiti vive uma grave crise política após o assassinato do presidente Jovenel Moise, em julho deste ano. Além disso, um outro terremoto, de 7,2 graus na escala Richter, atingiu o país em agosto e deixou mais de 2,2 mil mortos e 137,5 mil casas destruídas. A nação é considerada a mais pobre das Américas e do Caribe, com cerca de 60% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). E, entre os 189 países da lista de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Haiti aparece na 170ª posição.
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