O Equador foi o último país da América do Sul a se juntar ao Plano Condor, conspiração para repressão e troca de prisioneiros políticos durante as ditaduras militares dos anos 70, afirmou na última segunda-feira o humanista paraguaio Martín Almada. Almada acrescentou ainda que os laços entre alguns militares daquela época ‘foram e continuam sendo muito fortes’.
Como prova de seu argumento, Almada referiu-se à recente polêmica vivida pelo embaixador equatoriano em Buenos Aires, coronel Germânico Molina, com o ex-repressor argentino Carlos Guillermo Suárez Mason, que cumpre mandato de prisão domiciliar. Na última s0emana, o embaixador equatoriano foi expulso do país, depois de ter sido flagrado pela Inteligência buscando Suárez Mason em sua casa para uma festa particular.
– Isto envolve, sobretudo, uma responsabilidade política de interesse internacional – disse o humanista paraguaio, que perdeu a esposa quando estava preso, em 1974. Ele foi uma das vítimas da ditadura do general Alfredo Stroessner (1954/89).
Em 1992, Almada descobriu os Arquivos da Polícia Secreta do ex-ditador paraguaio, exilado no Brasil desde sua derrubada, em 1989. Esses arquivos, cerca de cinco toneladas de documentos policiais, revelam em detalhes as prisões, torturas e desaparecimentos de dezenas de paraguaios.
O juiz espanhol Baltasar Garzón, com humanistas de Brasil, Argentina, Uruguai e Chile conseguiram valiosos dados nestes documentos para procurar as pessoas desaparecidas durante o regime militar e para provar a participação do ex-ditador chileno Augusto Pinochet no Plano Condor, lembrou Almada. Com base nestes arquivos, Almada abriu um processo na Justiça contra Stroessner e seu ex-lugar-tenente Sabino Montanaro, exilado em Honduras.
– O Equador foi o último país a assinar o pacto criminoso Condor, estabelecido por Pinochet em 29 de novembro de 1975, durante a Reunião de Inteligência em Santiago do Chile. A participação dos militares equatorianos também foi bastante ativa na Conferência dos Exércitos Americanos, realizada em novembro de l995, na cidade Argentina de Bariloche, durante a presidência de Carlos Menem – afirmou.
Equador também se juntou ao Plano Condor
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Publicado terça-feira, 10 de fevereiro de 2004 as 04:26, por: CdB