Equinox Gold amplia seus lucros, mas descumpre acordos no MA

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Publicado Segunda, 27 de Setembro de 2021 às 12:33, por: CdB

Estudos de satélite apontam para a reserva no distrito de Piaba, o que tende a elevar para mais 11 anos a capacidade de produção das terras na Amazônia Legal, e elevar os ganhos da empresa estrangeira a R$ 28 bilhões. O pico da produção, segundo relatório da Equinox Gold a que teve acesso a reportagem do Correio do Brasil, ocorrerá entre os anos de 2026 a 2029.

Por Redação - de São Luís e São Paulo
A mineradora canadense Equinox Gold Corporation, que anunciou na semana passada o pré-resultado de viabilidade (PFS, na sigla em inglês de Pre-Feasibility Study) para a expansão da mina Aurizona, de propriedade da companhia no município de Godofredo Viana (MA), ainda não restabeleceu o fornecimento de água para os mais de 4 mil moradores da pequena cidade, no interior maranhense. No comunicado ao mercado financeiro, a empresa anuncia a descoberta de um veio aurífero capaz de produzir perto de 5 mil quilos por ano, equivalente a R$ 2,5 bilhões.
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Os mananciais no distrito de Aurizona, no Maranhã, foram poluídos após o rompimento de barragem de rejeitos contaminados da mineradora Equinox Gold
Estudos de satélite apontam para a reserva no distrito de Piaba, o que tende a elevar para mais 11 anos a capacidade de produção das terras na Amazônia Legal, e elevar os ganhos da empresa estrangeira a R$ 28 bilhões. O pico da produção, segundo relatório da Equinox Gold a que teve acesso a reportagem do Correio do Brasil, ocorrerá entre os anos de 2026 a 2029. Seis meses após o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora canadense no distrito de Aurizona, no entanto, o fornecimento de água ainda não foi restabelecido de forma permanente nas torneiras dos moradores atingidos. O crime ambiental, ocorrido em 25 de março deste ano, atingiu a Lagoa Pirocaua e o reservatório de captação de água do município, o que comprometeu o fornecimento de água potável para os moradores da região. A mineradora está construindo uma nova estação de tratamento, porém, já revelou que pretende utilizar a água do reservatório contaminado.

Rachaduras

A restrição ao acesso à informação é outro crime contra os atingidos, uma vez que até hoje não foi divulgado o laudo técnico da água feito pelo ICMBio, pela Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA), protesta o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Mesmo sem os laudos, foi proibida a utilização da água do Reservatório Juiz de Fora, pois há fortes indícios de contaminação pela lama tóxica do rompimento. Ainda assim, a mineradora – que foi obrigada pela Justiça – a fornecer água para a população, permanece captando no reservatório, o que leva a sérios riscos à saúde da população. Muitas famílias, segundo denúncia do MAB, já relatam problemas de saúde como coceiras, irritações na pele e dores estomacais após uso da água oferecida pela empresa. Outro impacto provocado pela Equinox; além de exaurir o solo brasileiro, é o dano às casas da população, acrescenta o relatório levado à Justiça. “Existem mais de 40 casas com rachaduras devido às explosões de dinamites da mineradora e sem avanços por parte da Defesa Civil em apoio à população”, protesta o MAB. Água potável Apesar da tragédia causada pela Equinox Gold, que resultou nos impactos sociais e ambientais às famílias que vivem na região, a mineradora amplia a exploração mineral e aumenta seus lucros. Além do medo com a contaminação da água, muitos moradores vivem apreensivos por conta do medo do deslizamento das montanhas de rejeito estéril. “A população atingida permanece organizada em luta para garantir a proteção dos seus direitos. No entanto, líderes populares da região e atingidos pelas ações da companhia vivem sob ameaças, criminalização e perseguição por parte da mineradora, o que gera uma onda de insegurança na comunidade”, acrescenta o relatório. Após seis meses do rompimento, “o MAB segue denunciando as violações de direitos humanos, ressaltando a importância dos atingidos serem incluídos no programa de proteção e na luta pela garantia plena pelo direito à água potável. O acesso à água deve ser garantido de forma permanente, imediata e com qualidade para todas as famílias residentes do distrito de Aurizona”, conclui.
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