Escândalo dos candidatos forjados abre crise moral no governo Bolsonaro

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Publicado Quinta, 14 de Fevereiro de 2019 às 16:06, por: CdB

As alterações na agenda sinalizaram para os analistas políticos, ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, que a permanência de Bebianno no cargo, agora, depende apenas de Bolsonaro.

 
Por Redação - de Brasília
Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno teve cancelada sua reunião nesta quinta-feira com os ministros da Casa Civil, da Defesa e da Secretaria de Governo e, em seguida, preferiu não comparecer ao Palácio do Planalto para um encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PSL). As alterações na agenda sinalizaram para os analistas políticos, ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, que a permanência de Bebianno no cargo, agora, depende apenas de Bolsonaro, uma vez que ele se recusa a pedir demissão.
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Bebianno (C) ainda não conversou com Bolsonaro sobre sua permanência, ou não, em um dos cargos mais importantes do Planalto
— Há, ainda, o risco do ministro sair atirando, uma vez que já deixou clara sua intenção de permanecer no cargo até que seja demitido ou, de alguma forma, recomponha-se com o seu superior hierárquico — disse ao CdB um general de Exército, atualmente na esfera governamental, que prefere manter seu anonimato. Em meio à crise provocada por um suposto esquema fraudulento de candidaturas na direção nacional do PSL, Bebianno disse aliados, nesta manhã, que somente decidirá seu futuro após ter uma conversa com Jair Bolsonaro (PSL). Mas não admite ser tratado da forma como ocorreu, na véspera, ao ser chamado de mentiroso em uma nota distribuída, nas redes sociais, tanto por Bolsonaro quanto por seu filho, Carlos, conhecido como ‘número 2’.

Financeiro

O ministro foi desmentido publicamente, mas disse que permaneceria em silêncio sobre o caso e foi aconselhado a falar pessoalmente com Bolsonaro, para medir a temperatura do problema. — Você pode até brigar com a ex-mulher, mas com seu advogado, nunca —  disse um parlamentar do PSL aos jornalistas que cobriam um jantar da legenda, na noite passada. Ele pediu para não ter o nome revelado. Referia-se a Bebianno, que foi advogado do presidente em casos pessoais e seu assessor direito durante a campanha eleitoral, no comando do PSL. Bebianno responde junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela área financeira da campanha.

Humilhado

Integrantes do partido temem que Bebianno, se deixar o cargo, possa cair de forma barulhenta por se sentir “traído" por Bolsonaro. — Não se dá um tiro na nuca do seu próprio soldado. É preciso ter um mínimo de consideração com quem esteve ao lado dele o tempo todo — disse Bebianno a interlocutores, nesta tarde, em uma conversa durante o almoço. Após ser humilhado pelas notas divulgadas tanto por Carlos quanto por Jair Bolsonaro, o ministro reforçou sua intenção de permanecer no cargo, como forma de marcar posição. — Não vou sair escorraçado pela porta dos fundos — afirmou.

Esmola

Um dos advogados mais proeminentes do país, Sergio Bermudes saiu em defesa de Bebianno. Segundo Bermudes, a queda dele será “um sinal de ingratidão do presidente Jair Bolsonaro e de submissão do chefe do Planalto aos desejos de seu filho, o vereador carioca Carlos Bolsonaro. — Se o Bolsonaro deixar se guiar por Carlos, filho dele, ou por quem quer que seja, vai estar se destruindo e causando um dano irreversível ao país. Espero que o presidente se lembre de que ele, como disse claramente, deve a sua eleição a Gustavo Bebianno — afirmou Bermudes a uma colunista. O advogado acrescentou que "gostaria de repetir ao presidente os versos de Guerra Junqueiro. 'Nem pode haver por certo/mão avara que o pão recuse a quem lhe deu a seara/que a esmola negue a quem lha deu primeiro”.

‘Número 2’

A crise também já chegou à bancada do PSL. Parte dos parlamentares saiu em defesa do ministro, entre eles a deputada Joice Hasselmann (SP). Ela afirma que a bancada está esperando uma posição do presidente e do próprio Bebianno, que iriam conversar nas próximas horas. — Mas não há nenhuma definição em relação, pelo menos, que tenha sido comunicada ao partido em relação ao ministro Bebianno — disse Hasselmann. A deputada paulista, porém, não economizou críticas ao filho ‘número 2’. — Eu já me posicionei que acho que declarações de familiares, do filho do presidente, em coisas que envolvem o núcleo duro do governo, são declarações que podem atrair uma crise desnecessária — concluiu. Assista, adiante, o pronunciamento do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) sobre o PSL:
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