Escândalo do MEC: aumenta mobilização por afastamento de Bolsonaro

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Publicado Segunda, 27 de Junho de 2022 às 12:17, por: CdB

A suspeita de interferência se dá por conta de áudio vazado na sexta-feira, resultado de uma interceptação telefônica realizada pela PF, em que o ex-titular da pasta Milton Ribeiro afirma que Bolsonaro o teria avisado sobre a possibilidade de cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão na casa do ex-ministro.

Por Redação - de Brasília
Deputados e senadores da oposição ao governo têm ampliado a movimentação para investigar os indícios de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu na investigação da Polícia Federal (PF) sobre a corrupção no Ministério da Educação (MEC). Na ordem do dia, a denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF), convocação de ministros e a aguardada CPI do MEC.
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Mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro (PL) é alvo de processos no STF por interferência na Polícia Federal
A suspeita de interferência se dá por conta de áudio vazado na sexta-feira, resultado de uma interceptação telefônica realizada pela PF, em que o ex-titular da pasta Milton Ribeiro afirma que Bolsonaro o teria avisado sobre a possibilidade de cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão na casa do ex-ministro. Na conversa com a filha, Ribeiro afirma ter recebido a informação em 9 de julho, semanas antes da PF desencadear a Operação Acesso Pago, que prendeu Ribeiro e pastores acusados de envolvimento em esquema de propinas para liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para prefeituras.

Esculhambação

O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) informou por meio de sua conta no Twitter que irá apresentar denúncia contra o presidente por “obstrução à Justiça e violação de sigilo profissional”. — O que Bolsonaro quer é esculhambar a PF, a Justiça e todas as instituições. Iremos ofertar denúncia contra o presidente da República no STF por obstrução à Justiça e violação de sigilo profissional. Mais do que nunca é necessária uma CPI para dar a PF e ao MPF a tranquilidade necessária para conduzir esse inquérito — afirmou. Segundo a revista CartaCapital, a bancada do PT na Câmara dos Deputados busca o afastamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) do cargo até a apuração completa do caso, que o deputado Paulo Teixeira entende como “obstrução de Justiça”. — Queremos o afastamento do presidente para ser investigado, É um crime comum cometido na vigência do mandato — afirmou o parlamentar.

CPI no gatilho

Na quinta-feira, o senador Rodrigues confirmou as 27 assinaturas necessárias no pedido para abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MEC, que investigará o que o próprio senador classificou como “o maior escândalo de corrupção da história”. O pedido deve ser protocolado no início da próxima semana. O governo, no entanto, ainda trabalha para pressionar parlamentares que retirarem as assinaturas, na tentativa de abafar o escândalo. Os alvos prioritários seriam os senadores Giordano (MDB-SP) e Eduardo Braga (MDB-AM). — Se tiver um motivo plausível e uma equipe sentar comigo, sentar com a equipe do governo e explicar que a intenção não é apurar fatos reais do que aconteceu e sim eleitoreiro, tudo bem, pode ser até que eu possa avaliar — ponderou.

Coincidências

A oposição também colocou na mira o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira. Os deputados Rogério Correia (PT-MG), Reginaldo Lopes (PT-MG) e Bohn Gass (PT-RS) apresentaram um requerimento para a convocação dos dois para prestar esclarecimento à Câmara. Titular do ministério que comanda a PF, Torres estava com Bolsonaro nos EUA quando aconteceu a ligação mencionada por Milton Ribeiro em que o presidente teria relatado seu “pressentimento” sobre os rumos da investigação, em 9 de junho. Em seu perfil no Twitter, o ministro negou ter conversado com o presidente sobre o assunto. “Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o Presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”, resumiu o ministro.
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