A negação à ciência é uma das características mais marcantes do governo Bolsonaro. Após atacar as universidades públicas e as instituições científicas como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a vítima da vez da cruzada obscurantista foi o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Por Wadson Ribeiro - de Belo Horizonte
Com o intuito de agradar o agronegócio e de abrir mão do controle da Amazônia, o governo tenta desqualificar os dados sobre desmatamento e aparelhar uma instituição científica que não pode servir aos interesses de governo, mas sim ao Estado brasileiro.Ministro da Agricultura
O ministro da Agricultura, Ricardo Salles, anunciou que pretende criar uma nova metodologia para divulgação dos dados sobre desmatamento da Amazônia e que irá contratar uma empresa privada para exercer o monitoramento, extinguindo assim o Deter. Para o físico Ildeu Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), é arriscado abrir mão do conhecimento da Amazônia, com as riquezas e o potencial que ela tem. Na verdade, o que o governo pretende é jogar por terra qualquer controle sobre a expansão do agronegócio, da extração ilegal de madeira e do garimpo predatório na Amazônia, além de abrir mão de controle para beneficiar os interesses do capitalismo estrangeiro. O desenvolvimento da ciência e a produção de novas tecnologias para a preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável são ativos importantes para um país com um enorme volume de recursos naturais como o Brasil. Nosso necessário desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico não precisa percorrer caminhos como o da Revolução Industrial inglesa, onde o desenvolvimento esteve atrelado à destruição ambiental. O mundo atual, especialmente o Brasil, precisa de um salto civilizacional, algo somente possível no plano da razão científica e de um mundo habitável.
Wadson Ribeiro, é presidente do PCdoB-MG, foi presidente da UNE, da UJS e secretário de Estado.
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