Estréia no Brasil ‘Tão distante’

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Publicado quinta-feira, 11 de agosto de 2005 as 14:18, por: CdB

É com atraso de quatro anos que chega ao Brasil <i>Tão distante</i>, do cineasta japonês Hirokazu Kore-eda, o mesmo de <i>Ninguém pode saber</i>, lançado no país no primeiro semestre.

Os dois filmes são baseados em fatos reais. A diferença é que, em <i>Tão distante</i>, o cineasta distanciou-se mais da realidade para recordar os ataques terroristas na capital japonesa em 1995, quando o metrô da cidade foi contaminado com gás venenoso. O filme estréia sexta-feira em São Paulo.

Ao invés de simplesmente recriar a tragédia, Kore-eda vai por outro caminho, falando da perda e da coragem. O roteiro do próprio cineasta mostra parentes de membros de um grupo terrorista fictício que matou mais de 100 pessoas e deixou quase 10 mil doentes ao contaminar a água de uma cidade com um vírus geneticamente modificado.

Alguns desses parentes costumam reunir-se uma vez por ano. Quatro deles acabam sendo obrigados a passar uma noite numa floresta, onde fica o lago em que foram lançadas as cinzas dos terroristas. Após terem seu carro roubado, eles são obrigados a se instalar na casa que servia de quartel para os criminosos e encontram o único sobrevivente do grupo.

O cineasta mostra-se mais interessado nos efeitos que o atentado teve sobre os parentes dos extremistas do que no evento propriamente dito. Dessa forma, ele foca o drama nos sentimentos de perda e incompreensão.

Por isso mesmo, ele não busca explicações, nem motivações para o crime, embora forneça uma série de flashbacks dos fatos que culminaram na tragédia.

A câmera na mão, sempre trêmula e nervosa, cria uma atmosfera inquieta e, muitas vezes, assustadora. Ainda assim, muitas vezes, a poesia sobressai das belas imagens e das interpretações viscerais.

Aos 43 anos, Kore-eda faz parte da geração de maior prestígio do novo cinema japonês, encarnando sua vertente mais transcendental, ligada às questões mais abstratas como o medo, a culpa, a imortalidade, em obras como <i>Maborosi – A luz da ilusão</i> e <i>Depois da vida</i>.