No Dia Nacional do Estudante, jovens saem às ruas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre em protesto contra cortes na área e contra projeto Escola sem Partido
Por Redação, com RBA – de São Paulo:
Estudantes secundaristas realizaram uma jornada de luta em defesa da educação pública em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre nesta quinta-feira, quando se comemora o Dia Nacional do Estudante. Eles foram às ruas para defender o acesso à educação pública e se posicionar contra cortes e privatizações na área e contra a proposta chamada de Escola sem Partido (Projeto de Lei 867/2015), que proíbe os professores de contestarem posições religiosas ou morais dos alunos ou de suas famílias, impedindo debates sobre gênero, religião e política.
– A Escola da Mordaça nunca irá nos calar sobre o sucateamento, iremos lutar mais uma vez, contra esse projeto, contra a reorganização, que, mesmo com mais de 200 escolas ocupadas, vem sendo feita por debaixo dos panos, com os cortes que nos atingem de todos os lados – disseram os organizadores do ato em São Paulo, marcado para as 14h, na Praça Roosevelt, região central.
Antes disso, a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) realizaram manifestação no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. “A primavera secundarista foi vitoriosa e mostrou que nós, secundaristas, estamos dispostos a fazer muita luta para defender nossas escolas! Vivemos em um período, onde tivemos nossa democracia golpeada, e depois de ocuparmos e resistimos em todos os espaços, querem nos calar!”, disse a organização em sua página no Facebook.
No ano passado, os secundaristas de São Paulo chamaram a atenção do país após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciar a “reorganização” escolar, que previa o fechamento de 94 escolas e a transferência pelo menos 311 mil estudantes para outras instituições de ensino. Como resposta ao projeto, que não foi debatido com a comunidade escolar, os alunos ocuparam escolas da rede estadual. No auge do movimento, os estudantes chegaram a ocupar 213 unidades.
Após 25 dias de mobilização, o governador suspendeu o projeto de reorganização escolar. Em seguida, o então secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, pediu demissão. Na ocasião, Alckmin limitou-se a afirmar que os alunos continuariam nas escolas em que já estudam e que o governo começaria a aprofundar o debate sobre o projeto.
– Governo sai, governo vem, e o sistema educacional público do país continua sendo o mesmo, o mesmo extremamente sucateado. São prédios precários, merrecas de salários para os professores e para os funcionários que trabalham na instituição. E o diálogo do governo usado para resolver qualquer tipo de problema é sempre o mesmo. Polícia, prisão e criminalização – disseram os organizadores do ato de Goiânia, por Facebook. Na cidade, a manifestação está marcada para as 15h, na Praça do Trabalhador, setor central.
Os secundaristas goianos iniciaram um movimento de ocupação de escolas no ano passado, após o governador Marconi Perillo (PSDB) publicar um despacho (596) no qual anunciava que transferiria a gestão de escolas estaduais para organizações sociais. Em dezembro, 28 escolas chegaram a ser ocupadas em Goiás.
Os estudantes deixaram as unidades em fevereiro, após decisão judicial e uma série de tentativas de reintegração de posse. Em julho, o governo estadual cancelou o edital, justificando que ele deveria ser adequado à nova legislação de contratação de organizações sociais do Estado. Não há data para que o processo seja retomado.
Em Porto Alegre, o ato começou, em frente ao Colégio Julio de Castilhos, no bairro Santana. Em junho, 160 escolas da capital gaúcha chegaram a ser ocupadas por melhorias estruturais nos prédios, instalação de ventiladores, merenda de qualidade e o arquivamento de um projeto de lei estadual que permite a atuação de organizações sociais (OS) na educação.
– O governo de Temer aplicou cortes de verba na pasta da educação que só vem intensificando o descaso com a educação! Somos contra os cortes do programa Ciência Sem Fronteiras, da redução das vagas de ProUni e Fies, contra os cortes das bolsas auxílios do IFRS POA (Instituto Federal de Porto Alegre), contra a falta de creches universitárias e auxílio creche para as estudantes mães – disseram os estudantes gaúchos pelo Facebook. “Estudante na escola tem direito de pensar, escola sem partido é ditadura militar.”
No Rio, o ato começou na Praça Mauá, região central. “Por uma educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. Contra os projetos do governo Temer, que atacam a educação pública e retiram direitos”. No Estado, 68 escolas foram ocupadas entre abril e junho por melhorias de infraestrutura nos prédios e mudanças no sistema de ensino.