EUA acusam Brasil de impedir inspeção sobre urânio

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Publicado Domingo, 04 de Abril de 2004 às 13:42, por: CdB

Em reportagem publicada na primeira página de sua edição deste domingo, o jornal americano The Washington Post acusa o Brasil de impedir que fiscais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) inspecionem uma unidade de beneficiamento de urânio, em Resende.

Segundo o jornal, a posição brasileira está preocupando o governo dos Estados Unidos, temeroso de que a unidade, que enriquece urânio para usinas nucleares, possa também produzir material para armas atômicas. A reportagem traz declarações de James Goodby, um ex-funcionário do governo americano para assuntos nucleares. 

- Se nós não queremos esse tipo de unidade no Irã e na Coréia do Norte, também não devemos querer essas unidades no Brasil. É preciso aplicar as mesmas regras para adversários e amigos. Eu não vejo isso acontecendo no Brasil - diz Goodby.

Irã e Coréia do Norte têm regimes fortes (uma ditadura, no caso da Coréia) e são inimigos declarados dos EUA. O governo brasileiro, diz matéria no site da CNN, que também comenta o caso, alega que a produção em Resende serve somente ao baixo enriquecimento de urânio, que atende às usinas de Angra. O alto enriquecimento do urânio, por servir à produção de bombas, está impedido pelo Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.

A reportagem do The Washington Post informa que fiscais da AIEA foram impedidos de vistoriar parte da unidade em Resende e cita a posição do governo brasileiro, que afirma estar de acordo com as leis internacionais, que permitem o uso de energica nuclear para fins pacíficos.
No entanto, diz o The Washington Post, as autoridades americanas afirmam que a tecnologia atual permite a conversão de um programa destinado a enriquecer urânio para usinas nucleares em outro, voltado para a fabricação de armas atômicas. Por isso pressionam o Brasil a permitir que os fiscais da AIEA não sofram restrições em seu trabalho.

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