Contingente de brasileiros que ainda passam fome atinge mais de 60 milhões

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Publicado Quinta, 25 de Abril de 2024 às 18:56, por: CdB

O contingente vivia em 21,6 milhões de lares com insegurança alimentar, ao longo do ano passado. Esses endereços correspondiam a 27,6% do total de domicílios residenciais do país, no total de 78,3 milhões de lares. Embora a insegurança alimentar ainda afete quase 3 em cada 10 casas, a proporção perdeu força na comparação mais recente da série histórica do IBGE.


Por Redação - do Rio de Janeiro

O Brasil registra mais de 64 milhões de pessoas vivendo em domicílios classificados com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave) em 2023. Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira em relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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De acordo com a pesquisa, 37,8% dos domicílios onde moram essas crianças menores de 10 anos enfrentam insegurança alimentar grave ou moderada


O contingente vivia em 21,6 milhões de lares com insegurança alimentar, ao longo do ano passado. Esses endereços correspondiam a 27,6% do total de domicílios residenciais do país, no total de 78,3 milhões de lares. Embora a insegurança alimentar ainda afete quase 3 em cada 10 casas, a proporção perdeu força na comparação mais recente da série histórica do IBGE.

Apesar de os levantamentos serem diferentes, os seus resultados podem ser analisados em conjunto porque mantêm a mesma metodologia, indica o instituto. O IBGE afirma que utilizou critérios da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para identificar os domicílios em condição de segurança ou insegurança alimentar.

 

Vácuo


O Instituto não pesquisou o tema no intervalo entre 2018 e 2023, período em que o mundo viveu os efeitos da pandemia de Covid-19. Com a crise, famílias perderam renda e sentiram a disparada dos preços dos alimentos. Cenas de brasileiros em busca de doações e até de restos de comida ganharam evidência à época.

Para André Martins, analista do IBGE, a redução da insegurança alimentar na Pnad 2023, ante o período até 2017, há fatores como a recuperação do mercado de trabalho e a ampliação de programas sociais. Outro possível impacto, segundo o pesquisador, veio da deflação (queda dos preços) dos alimentos no ano passado.

— A recuperação que a gente vê em outros indicadores vai se refletir no acesso aos alimentos — afirmou Martins, a jornalistas.

 

Percentual


Na semana passada, o IBGE divulgou dados apontam a renda per capita (por pessoa) recorde no Brasil, no ano passado. O rendimento teria sido impulsionado pela melhora do mercado de trabalho e pela ampliação do ‘Programa Bolsa Família’, uma das apostas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O percentual de lares classificados em insegurança alimentar no ano passado, porém, ainda é superior ao registrado pelo IBGE na Pnad da última década. Segundo a pesquisa, 22,6% dos domicílios estavam nessa situação em 2013 –cinco pontos percentuais abaixo do nível de 2023 (27,6%).

 

Incerteza


Os critérios adotados pelo IBGE dividem os lares em três categorias de insegurança alimentar: leve, moderada e grave. O fenômeno não pode ser usado como sinônimo direto para fome, de acordo com o órgão.

A insegurança alimentar leve envolve a preocupação ou a incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro. Nessa condição, a qualidade da alimentação é afetada como estratégia para não comprometer a quantidade. No grau moderado, há redução quantitativa de comida entre adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação em razão da falta dos produtos.

Já nos domicílios com insegurança alimentar grave, a restrição da quantidade de alimentos também afeta as crianças, quando presentes. Ou seja, há uma ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos para todos os moradores, incluindo os mais jovens. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio, resume o IBGE.

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