Michael Flynn é investigado por relações com Moscou durante campanha presidencial de 2016. Ele estaria em contato com os comitês de inteligência da Câmara e do Senado norte-americano para testemunhar
Por Redação, com DW – de Washington:
Michael Flynn, ex-conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, está em discussões com os comitês de inteligência da Câmara e do Senado norte-americano para testemunhar, em troca de imunidade, sobre possíveis laços entre a campanha eleitoral do republicano e a Rússia, comunicou seu advogado na noite de quinta-feira.
– O general Flynn certamente tem uma história para contar, e ele quer muito dizê-la, caso as circunstâncias permitam – disse o advogado Robert Kelner, em comunicado.
As relações de Flynn com a Rússia estão sendo investigadas pelo FBI (a polícia federal norte-americana). E os comitês de inteligência em ambas as Casas do Congresso. As investigações analisam uma suposta interferência da Rússia nas eleições norte-americanas do ano passado. E possíveis laços entre a campanha de Trump e o Kremlin.
Segundo o advogado, Flynn “é agora o alvo de demandas públicas infundadas por membros do Congresso e outros políticos para que ele seja investigado criminalmente”.
Mas Kelner acrescenteou que Flynn não se “submeteria a questionamentos num ambiente altamente politizado, de caça às bruxas. Sem garantias contra acusações injustas”. O advogado, porém, não mencionou o FBI.
Kelner divulgou o comunicado depois que o jornal norte-americano Wall Street Journal reportou que Flynn está buscando imunidade junto ao FBI e ao Congresso norte-americano.
O comitê de inteligência da Câmara desmentiu a reportagem. No entanto, em declaração à agência de notícias AP, um assessor do Congresso confirmou, sob condição de anonimato, que houve discussões com o comitê de inteligência do Senado sobre imunidade.
Em fevereiro, Flynn foi forçado a renunciar por não ter revelado conversas que teve com o embaixador russo nos Estados Unidos, Sergei Kisylak, sobre sanções norte-americanas a Moscou. Na época das conversações, Flynn era o conselheiro de segurança nacional na campanha presidencial de Trump.
Manipulação da eleição
Moscou nega qualquer papel numa suposta manipulação da eleição dos EUA. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, inclusive fez uso de uma citação famosa do ex-presidente norte-americano George H. W. Bush em 1988, dando erroneamente sua autoria a Ronald Reagan, para negar as alegações: “Ronald Reagan uma vez, ao discutir impostos, dirigiu-se aos norte-americanos com um ‘leiam meus lábios: não’. Portanto, leiam meus lábios: não!”, repetiu em inglês.
O governo Trump acusa democratas de perseguir uma investigação politicamente motivada porque perderam a eleição.
Durante a corrida presidencial de 2016, Flynn disse ser inaceitável que alguns assessores da candidata Hillary Clinton pedissem imunidade em troca de fornecer informações sobre um servidor privado de e-mails usado enquanto a democrata era secretária de Estado.
– Quando você recebe imunidade, significa que você provavelmente cometeu um crime – disse Flynn à emissora NBC News, em setembro.