Exército abre IPM para apurar morte de estudante no Espírito Santo

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Publicado Sábado, 11 de Fevereiro de 2017 às 16:41, por: CdB

Parentes de Matheus Silva disseram à Polícia Civil que o tiro foi disparado por um militar do Exército. Segundo a corporação, houve um confronto armado durante uma possível tentativa de fuga de internos do sistema carcerário do Espírito Santo

 

Por Redação - de Cariacica, ES

 

O Ministério Público Militar (MPM) irá determinar nas próximas horas, conforme apurou a reportagem do Correio do Brasil, a abertura de um inquérito policial militar (IPM) para apurar a morte do estudante Matheus Martins da Silva, de 17 anos. O menor foi assassinado com um tiro de fuzil, calibre 762, na cabeça, segundo relatório policial. O crime ocorreu na madrugada desta sexta-feira, no bairro São João Batista, em Cariacica, um município da Grande Vitória..

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Tropas do Exército patrulham as ruas dos principais centros urbanos do Espírito Santo

Parentes de Matheus Silva disseram à Polícia Civil que o tiro foi disparado por um militar do Exército. Segundo a corporação, houve um confronto armado durante possível tentativa de fuga de internos do sistema carcerário. O autor do disparo fatal teria deixado o local do crime logo após constatar a morte da vítima.

Disparos

Segundo registro policial, o assassinato ocorreu na primeira hora da madrugada. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) relata que Matheus andava pela Rua Américo Barcelos ao ser atingido. Morreu instantaneamente. Peritos recolheram cápsulas de fuzil, calibre 762, de uso exclusivo das Forças Armadas.

A família de Matheus também acusou militares do Exército. O grupamento fora deslocado para deter uma invasão à Unidade de Internação Provisória (Unip). Devido à greve da Polícia Militar, os homens do Exército passaram a patrulhar locais estratégicos para a Segurança Pública.

— Disseram que o pessoal de Morro Novo estaria invadindo a Unip. Então a Polícia Rodoviária Federal veio até o bairro e depois acionou o Exército. Quando os militares chegaram, ficaram parados em uma esquina e, sem abordar o meu primo, atiraram em direção a ele — disse a jornalistas, na condição de anonimato, uma parente de Matheus Silva. Distante poucos metros do local do crime, ela contou cinco disparos na direção do primo.

O primeiro acertou a cabeça do adolescente.

‘Dano colateral’

— Quando ouvi os tiros, saí de casa e já encontrei minha prima gritando que o Exército tinha matado o Matheus. Acabou a minha vida. Ele era tudo para a gente, ele e os dois irmãos dele. Minha família está acabada. Quem veio para proteger, veio matar. Quem veio para dar segurança, veio matar — chorava.

Matheus estudava o 6º ano em uma escola pública do bairro e não teria ficha criminal, atestam familiares.

Porta-voz da Força-Tarefa Conjunta Capixaba, que reúne as forças policiais e militares naquele Estado, disse a jornalistas que Matheus foi atingido durante um confronto armado. A Comunicação do Exército, por sua vez, afirma que três criminosos tentaram, do lado de fora, abrir caminho até o pátio da Unip, em uma tentativa de promover a fuga dos internos.

Os criminosos também teriam realizado disparos em direção à unidade prisional, como afronta à segurança local. Ao chegar, a patrulha do Exército teria respondido ao fogo. Uma intensa troca de tiros teria ocorrido entre os criminosos armados e as tropas. Após o confronto, a morte do estudante teria sido um ‘dano colateral’, no jargão militar.

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