Exército do Burundi anuncia ter matado 310 rebeldes hutus

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Publicado Quarta, 16 de Julho de 2003 às 14:58, por: CdB

O exército do Burundi confirmou, nesta quarta-feira, que suas forças mataram 310 rebeldes da etnia hutu durante os combates travados semana passada em Bujumbura, a capital do país, segundo uma emissora de rádio queniana.

A emissora citou o general de brigada burundinês Samuel Gahiro, que afirmou que os rebeldes mortos pertenciam às Forças de Libertação Nacional (FLN), que lançaram no último dia 7 uma nova ofensiva contra a capital com morteiros, lança-granadas e outras armas pesadas.

O recém empossado Governo de transição do presidente Domitien Ndayizeye, da etnia hutu, respondeu aos ataques rebeldes bombardeando com helicópteros as suas posições nas colinas que dominam os arredores de Bujumbura.

Gahiro e outros porta-vozes do Exército que fizeram declarações aos jornalistas nos últimos dias não informaram sobre suas próprias baixas nestas operações como também não disseram qual o número de mortos e feridos entre a população civil, que segundo algumas fontes passa de 200.

Os combates levaram os EUA a retirar seu pessoal "não imprescindível" da embaixada no Burundi e os líderes regionais a convocar uma reunião no final desta semana na vizinha Tanzânia para considerar o envio ao território burundinês de uma força de paz "mais poderosa".

No Burundi já há um contingente de mais de mil soldados sul-africanos, como parte de uma força multinacional que deve chegar 3.000 homens da União Africana (UA), para zelar pelos acordos de paz que tentam colocar fim a dez anos de guerra civil.

Segundo o Governo, as FNL estão recebendo apoio em armas e homens por parte das Forças para a Defesa da Democracia (FDD), mas a afirmação foi rechaçada pelos líderes deste grupo.

As FDD são o principal grupo rebelde de oposiçao ao governo do Burundi há dez anos, e embora tenham assinado no ano passado um acordo de cessar-fogo com o ex-presidente Pierre Buyoya, continuaram combatendo em violação do armistício.

Dos outros três grupos rebeldes hutus que lutam contra as autoridades de Bujumbura desde 1993, duas facções menores cessaram as hostilidades e vão ser desmobilizados, enquanto que as FNL se negaram terminantemente a negociar com o Governo.

De acordo com as cláusulas do armistício, Buyoya cedeu o poder no princípio de junho passado a Ndayizeye, até então seu vice-presidente, que liderará durante um ano e meio, até a convocação de eleições em 2004, o atual Governo de Transição.

Esta administração entrou em funções em novembro de 2001, depois dos acordos de agosto de 2000 com a mediação do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e dele participam 17 forças políticas burundinesas tutsis e hutus.

A guerra civil do Burundi, na qual mais de 250.000 pessoas, segundo estimativas, já morreram, começou em outubro de 1993, quando soldados governamentais tutsis assassinaram o primeiro presidente eleito democraticamente no país, o hutu Melchior Ndadaye.

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