Exposição mostra infância, adolescência e obra de Chico Buarque

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Publicado quarta-feira, 12 de janeiro de 2005 as 15:29, por: CdB

Colégio Santa Cruz, São Paulo, início dos anos 1950. Vem dali uma das imagens mais preciosas de “Chico Buarque – O Tempo e o Artista”, que começa amanhã (13) em São Paulo, no Sesc Pinheiros, com exposição de fotos, documentos manuscritos, shows musicais, filmes baseados em suas obras (‘Estorvo’, ‘Benjamim’ e ‘Ópera do Malandro’) e uma peça de teatro, ‘Os Saltimbancos’. Com curadoria de Zeca Buarque Ferreira, sobrinho de Chico, o evento vem do Rio de Janeiro, onde esteve no ano passado por ocasião dos 60 anos do compositor e escritor, traz fotos inéditas e, entre outras curiosidades, um texto de Chico sobre São Paulo, quando recebeu o título de cidadão paulistano em 1967. Nesse texto ele cita composições suas daquele período que são de inspiração paulistana, como “A Banda” e “Pedro Pedreiro.

Fundado por padres canadenses em 1952, o Santa Cruz tem papel importante na formação de Chico. Foi ali que ele escreveu suas primeiras crônicas, no jornal da escola, começou a se destacar no futebol e subiu ao palco para cantar pela primeira vez. Nascido no Rio, Chico veio com a família para São Paulo com apenas 2 anos. Entre 1953 e 1954, os Buarques mudaram-se para a Itália. Dessa época, Chico guardou um bilhete de uma professora, escrito em inglês, em que, além de destacar o lado levado do menino, ela dizia: “Você vai crescer e espero um dia entrar numa livraria e encontrar um livro de F.B. de Holanda”. Esse bilhete também está na exposição. Como diz Zeca, não foi à toa que ele despertou nela essa impressão. Naturalmente teve bons motivos.

Grande parte da mostra é dedicada à infância e à adolescência de Chico, quando morou nas Ruas Haddock Lobo, Buri e Henrique Schaumann, em São Paulo. A foto dele com os colegas bagunçando a sala de aula é indizível. Os outros conjuntos de fotos são dedicados ao futebol, uma de suas notórias paixões, ao seu envolvimento em questões políticas, especialmente no período do regime militar, a relação com parceiros e intérpretes – como Nara Leão, Gal Costa, Maria Bethânia -, além de seus mestres.

Como se sabe, Chico é avesso a homenagens, acha cabotino. Coerente com a atitude do artista – cuja importância para a cultura nacional é evidente ao extremo -, Zeca evitou fazer “um culto à personalidade, que a isolasse do contexto, até por muito respeito a ele”. “Pensando historicamente, quis que a exposição afirmasse o que significa Chico Buarque na música brasileira.” Daí a presença, nos espaços da exposição, dos sons que Chico ouvia e que o influenciaram, como Ismael Silva, Dorival Caymmi, Noel Rosa, cujas imagens estão no segundo bloco da exposição.

Os shows de Toquinho, Francis Hime, Cida Moreira e Renato Braz seguem a mesma trilha, não apresentando apenas as canções de Chico, mas dos que o formaram e marcaram seu tempo. Mônica Salmaso, o Quarteto Maogani e Teresa Cristina devem se apresentar na série em fevereiro. É quando também serão exibidos programas de TV, como o “Ensaio”, de Fernando Faro, sobre o compositor.

– Acho que vai ser bem completa e bacana, para quem gosta de Chico – diz Zeca. E quem não gosta?

Serviço:

“Chico Buarque – O Tempo e o Artista” – Sesc Pinheiros. R. Paes Leme, 195, Pinheiros, 3095-9400. Exposição: 13h30/21h30 (sáb., dom. e fer., 10h30/18h30; fecha 2.ª). Grátis. Até 13/3. Abertura amanhã (13).

Cinema: 6.ª, às 20h. Quinta-feira, “Benjamim”; dia 21, “Estorvo”; dia 28, “Ópera do Malandro”. Grátis

Contação de História: Dom., às 11h30. Amarelinha de Medo –

Narração de História de Paulo Netho e Salatiel Silva. Até 30/1. Grátis

Shows: Toquinho. Amanhã (13) e sexta-feira (14), às 21h. R$ 10 a R$ 20; Francis Hime. Sáb.(15), às 21h e dom.(16), às 19h. R$ 5 a R$ 10; Cida Moreira. 4.ª (19), às 18h30. R$ 2 a R$ 4