Falta de credibilidade do governo influi na decisão de investidores

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Publicado Sexta, 23 de Abril de 2021 às 13:08, por: CdB

“Desde que assumiu o cargo em 2019, seu governo não fez nada além de acelerar a destruição da floresta tropical. A menos que ele esteja disposto a tomar medidas concretas para reverter os danos de suas desastrosas políticas ambientais, seus compromissos climáticos não podem ser levados a sério”, diz a HRW.

Por Redação, com RBA - de São Paulo

Relatório da organização internacional Human Rights Watch (HRW), distribuído mundialmente nesta sexta-feira, avisa que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “não pode ser levado a sério”. O alerta observa a mudança no discurso do mandatário sobre a proteção da Amazônia. 

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A pandemia de covid-19 mostrou de uma vez por todas o despreparo de Jair Bolsonaro em conduzir o país

Em discurso na Cúpula de Líderes do Clima, na véspera, Bolsonaro chegou a prometer mais recursos para a proteção ambiental.

“Desde que assumiu o cargo em 2019, seu governo não fez nada além de acelerar a destruição da floresta tropical. A menos que ele esteja disposto a tomar medidas concretas para reverter os danos de suas desastrosas políticas ambientais, seus compromissos climáticos não podem ser levados a sério”, diz trecho da nota emitida pela organização.

Credibilidade

Os dirigentes da HRW destacaram que o governo Bolsonaro sabotou agências ambientais, acusou de crimes ambientais, levianamente, organizações da sociedade civil e pôs em risco os direitos dos povos indígenas. Políticas essas, que têm contribuído para aumentar o desmatamento na Amazônia.

Para a organização, o governo só terá credibilidade de governos e empresas estrangeiras se apresentar, de fato, e puser em prática ações que reduzam o desmatamento, como a punição de autores de crimes ambientais e atos de intimidação e violência contra os povos indígenas. 

“Bolsonaro deveria reconhecer e proteger territórios indígenas, revertendo suas políticas de proteção a invasores. E também os requisitos de inspeção para exportações de madeira, que favorecem madeireiros ilegais”, diz outro trecho da nota.

Divisão

Outras sugestões seriam a cobrança das multas não pagas por violações da legislação ambiental e retirar seu apoio às propostas para abrir os territórios indígenas à mineração, o que facilita também a grilagem e o desmatamento ilegal na Amazônia.

São medidas, segundo a organização, que sinalizariam às quadrilhas ambientais que o governo não vai mais tolerar o desmatamento e a violência na Amazônia. E que podem ajudar o Brasil a recuperar o reconhecimento de suas políticas em defesa do meio ambiente.

As diferentes opiniões sobre qual deve ser a origem dos recursos para o combate ao desmatamento no Brasil, no entanto, aprofundaram a divisão entre o presidente Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão, na avaliação do cientista políticoGuilherme Carvalhido, professor da Universidade Veiga de Almeida (UVA), ouvido pela agência russa de notícias Sputnik Brasil.

Mendigo

O vice-presidente Hamilton Mourão, que também é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, foi excluído das negociações sobre a participação brasileira na Cúpula dos Líderes sobre o Clima, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Mourão também não foi convocado para as conversas feitas em nome do governo Bolsonaro com os EUA e outros países europeus para falar sobre financiamento para combater o desmatamento na Amazônia.

Ao mesmo tempo, na segunda-feira, o vice-presidente declarou que o Brasil "não tem que ser mendigo" ao tentar atrair recursos estrangeiros para combater o desmatamento ilegal das florestas. Para Carvalhido, o fato de Bolsonaro estar sendo pressionado internacionalmente para diminuir o desmatamento na Amazônia fez com que o presidente brasileiro passasse a defender o financiamento estrangeiro para auxiliar o Brasil nesta tarefa.

— Nesse aspecto, do ponto de vista de onde vem o dinheiro para o combate ao desmatamento no Brasil, há sim uma racha entre Bolsonaro e Mourão — concluiu.

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