FBI não podia pagar tradutores antes de 11/9

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Publicado Terça, 13 de Abril de 2004 às 17:49, por: CdB

O trabalho antiterrorismo do FBI, polícia federal norte-americana, antes dos ataques de 11 de setembro de 2001 foi prejudicado pela falta de verbas para contratar tradutores de idiomas importantes como o arábico e o persa, disse na terça-feira o ex-diretor do FBI Louis Freeh.

``O combate ao terrorismo precisa de tradutores, que eram ... requisitados ano após ano. Pedimos às autoridades que contratassem tradutores de arábico e de farsi'', disse Freeh à comissão que investiga os ataques de 11 de setembro.

Ele ressaltou, porém, que era impossível contratar especialistas nessas línguas pelos salários que o FBI podia pagar, algo entre 32 mil e 42 mil dólares ao ano.

Freeh afirmou que a restrição salarial é uma das causas da falta de funcionários, um problema que vem desde o início dos anos 1990, quando o Congresso determinou o congelamento das vagas durante 22 meses.

Ele disse que, apesar de o FBI ser considerado a ``agência principal'' dos Estados Unidos, só recebia 3,5 por cento das verbas do governo destinadas a combater o terrorismo.

Logo depois dos ataques de 11 de setembro, em que aeronaves civis sequestradas se chocaram com o Pentágono e as torres gêmeas do World Trade Center, matando quase 3.000 pessoas, era comum ouvir de autoridades do Pentágono e da CIA (inteligência norte-americana) que a falta de tradutores de arábico e outras ''línguas exóticas'' era um problema de segurança nacional.

A questão da escassez de tradutores ainda é mencionada por autoridades, já que há um enorme material obtido por satélite, espionagem e grampos que precisa ser compreendido e traduzido.

Ainda está fresca na memória dos norte-americanos a trágica lembrança de duas mensagens interceptadas de dois supostos membros da Al Qaeda no dia 10 de setembro de 2001. Elas diziam: ''Amanhã é a hora zero'' e ``O jogo começa amanhã''. Mas só foram traduzidas no dia seguinte, e chegaram às mãos das autoridades em 12 de setembro.

O vice-chefe da comissão, Lee Hamilton, disse que as verbas para o FBI subiram de 2,3 bilhões de dólares para 3,3 bilhões de dólares entre 1996 e 2001.

Freeh afirmou que o FBI tinha pedido a contratação de 1.895 pessoas, como agentes, tradutores e analistas entre 2000 e 2002, mas só obteve permissão para contratar 76 profissionais.

Autoridades e pessoas responsáveis pelo processo de seleção disseram que têm consciência da escassez de especialistas nessas línguas, mas que o número limitado de candidatos qualificados e a rigorosa checagem de segurança dificultam a tarefa.

Os candidatos também são desencorajados pela lentidão do processo, que pode levar mais de um ano.

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