A Polícia Federal norte-americana, o FBI, vai ajudar na Operação Anaconda. O pedido foi feito pelo governo brasileiro. Além do FBI, o Departamento de Estado, o Banco Central e o Tesouro Nacional dos Estados Unidos estão investigando as ramificações no exterior do grupo de advogados, policiais e juízes acusados de participação no esquema de venda de sentenças judiciais em São Paulo.
De acordo com o jornal O Globo, a operação também já chegou, com o apoio da Interpol, às Bahamas, à Suíça e ao Uruguai na busca de contas e bens dos integrantes do esquema no exterior. Conforme o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, graças aos acordos de cooperação com o governo norte-americano, será possível bloquear os bens dos suspeitos antes mesmo da apresentação do relatório da operação, prevista para quarta-feira.
A Polícia Federal acredita que os suspeitos têm um patrimônio de aproximadamente US$ 70 milhões no exterior. Lacerda disse que chega a 40 o número de investigados até agora. A lista, segundo um integrante do governo, inclui até um advogado conhecido e respeitado no meio jurídico.
No Brasil, as investigações prosseguem. Conversas telefônicas interceptadas pela Operação Anaconda confirmam o vínculo entre o doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, e o juiz federal da 7ª Vara Criminal, João Carlos da Rocha Mattos. Conforme a Polícia Federal, o grupo preso sob acusação de participar de um esquema de venda de sentenças judiciais, temia a revelação destas conversas.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o agente federal César Herman Rodriguez, braço direito do juiz Rocha Mattos, se mostra preocupado em diálogo com o delegado federal José Augusto Bellini em 24 de março de 2003.
“É ruim porque vincula ele [Rocha Mattos], inclusive ao pessoal que está preso”, declarou, em conversa grampeada. O “pessoal preso” citado por Rodriguez eram, segundo a polícia, os funcionários da casa de câmbio de Claramunt em São Paulo, a Barcelona Tour, que foi alvo de uma investigação do Ministério Público Federal.
No dia 17 de março, a operação contra a Barcelona resultou na prisão de cinco pessoas, além de captar conversas telefônicas de quatro delegados e quatro agentes federais com o doleiro. Claramunt conseguiu escapar, e obteve em outubro habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal.