FHC reafirma apoio aos EUA e faz ressalvas quanto à pluralidade no Brasil

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Publicado Sexta, 28 de Setembro de 2001 às 08:36, por: CdB

Em entrevista exclusiva à CNN, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a América Latina está unida no propósito de combater o terrorismo e negou que se tenha descoberto até agora algum grupo terrorista no extremo sul do país, na região que faz fronteira com Argentina e Paraguai. Na entrevista, Fernando Henrique Cardoso elogiou a preocupação do presidente norte-americano George W. Bush de visitar uma mesquita e evitar que o combate ao terrorismo se transforme em uma "guerra de religiões". Cardoso ressaltou que, no Brasil, há muitos árabes e muçulmanos, e que é importante respeitar a pluralidade cultural e racial. O presidente também se referiu às repercussões dos atentados na economia brasileira, mas foi categórico em desmentir que tenha convocado reunião de emergência para salvar o real. Quanto às providências para apoiar a indústria nacional, particularmente no setor aeronáutico, disse não esperar que as empresas aéreas sejam muito afetadas, porque sua principal atividade é em vôos domésticos, mas que o governo já assumira o seguro contra atentados terroristas. A seguir, os principais trechos da entrevista, dada aos jornalistas Jorge Gestoso e Alberto Padilla, e transmitida pela CNN en Español Televisão. Sobre a reação do governo dos EUA à iniciativa brasileira de mobilizar apoio no continente para o combate ao terrorismo: FHC: O presidente Bush me telefonou após o anúncio dessa nossa decisão de apoiar os Estados Unidos. Nós conversamos e percebi sua disposição para enfrentar esse momento. Aproveitei para felicitá-lo pelo fato de ter visitado uma mesquita em Washington e ele disse que "não se pode transformar esse episódio em uma guerra entre religiões", com o que concordo plenamente. Então, eu lhe disse que os incidentes também não podem levar a uma guerra de culturas ou de origens. Aqui no Brasil, há muitos árabes e muçulmanos e isso, de nenhuma maneira, leva a crer que estejam envolvidos com terrorismo. Ao contrário, são cidadãos brasileiros, com os sentimentos de todos nós aqui de que somos um país de pluralidade cultural e racial, de convivência e de tolerância. E eu encontrei o presidente Bush com uma boa perspectiva quanto a essa posição. Sobre o risco de uma guerra entre o mundo islâmico e o ocidental FHC: Não acredito nisso. O que ocorre é uma perversão do islamismo, dos sentimentos do povo árabe para fins de terrorismo. Acho que essa rede vai muito mais além do mundo árabe, o que é um perigo, pois está em todas as partes e é um inimigo praticamente oculto. Sobre o comportamento da América Latina diante dos ataques FHC: Converso com freqüência com os presidentes da região e, em breve, vou viajar ao Equador. Sinto que estamos unidos a esse respeito com um sentimento comum, que é bem próprio da cultura latino-americana, pois somos abertos e não aceitamos agressões como as que atingiram os Estados Unidos. Além disso, Nova York é um símbolo também para muitos de nós como cidade e há o sentimento de solidariedade com relação ao povo da cidade, que sofreu muito. Também havia muitos latino-americanos, europeu nas torres. Não foi um massacre que atingiu só os norte-americanos, mas sim seres humanos e acho que isso repercutiu na América Latina como se fosse uma só voz. Não aceitamos isso. Sobre os temores de existir um grupo terrorista "adormecido" na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai FHC: A inteligência brasileira nunca detectou nada de concreto a respeito disso. Temos preocupações, é claro, porque essa é uma região onde existe o contrabando. Mas, até hoje, não detectamos nada além de uma ou outra informação, do lado paraguaio, de que possa haver gente ligada com esse ou aquele grupo, mas nada que seja um grupo terrorista e esperamos nunca detectá-los porque isso é muito grave. Já houve um atentando terrível em Buenos Aires, contra os judeus da cidade, que foi inaceitável, e houve rumores que uma base poderia estar nas tríplice fronteira. No entanto

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