Fiscais descobrem trabalho escravo em Petrópolis

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Publicado sexta-feira, 20 de agosto de 2004 as 16:37, por: CdB

Fiscais do Ministério Público do Trabalho descobriram nesta sexta-feira seis pessoas mantidas em regime de escravidão na sede da Associação de Reciclagem de Lixo Emaús, no bairro Alto Independência, em Petrópolis.

O grupo trabalhava recolhendo e separando lixo reciclável e recebia em troca casa e comida. Ninguém tinha carteira assinada ou recebia salário. A procuradoria do Trabalho vai pedir a interdição do local e o responsável pode ser multado em R$ 500 mil.

O procurador do Trabalho, Wilson Prudente, disse que todos viviam em situação degradante.

– Constatamos aqui um caso de trabalho escravo urbano. O responsável se aproveita da falta de condições das pessoas para oferecer-lhes trabalho em troca de teto. A jornada de trabalho é integral e ninguém recebe um centavo por isso – informou.

O responsável pela associação, Antônio Mendes Ferreira, disse em depoimento na Subdelegacia do Trabalho em Petrópolis que o trabalho a Emaús é “caridade”. Segundo ele, as pessoas encontradas na sede seriam cooperativadas. A informação foi negada pelo grupo. “Não somos cooperativados ainda, mas vamos ser”, disse Júlio César Gonçalves, que alegou estar na Emaús há uma semana.

Segundo ele, o trabalho na associação lhe renderá R$ 85 por semana. Os outros negaram a afirmação de Gonçalves. “A gente ganha o suficiente para comprar um maço (de cigarro) e um guaraná”, disse Sebastião Cândido, 62 anos, que anda numa cadeira de rodas. 

A associação de reciclagem existe há 15 anos e reúne 20 ex-moradores de rua e pessoas sem renda fixa. Eles recebem um quarto de quatro metros quadrados, com cama e mesinha, e comida. O chão é de barro. Não há horário fixo de trabalho. Segundo vizinhos, grupos trabalham de madrugada.