O mundo terá que conviver com preços elevados de petróleo por pelo menos mais dois anos devido à combinação de forte demanda e restrições de oferta, disse Rodrigo de Rato, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), neste sábado.
Os preços internacionais de petróleo subiram pelo menos 50 por cento no último ano e atingiram recordes de alta na quinta-feira. Os contratos em Nova York encerraram a semana a cerca de um dólar dos novos picos, a 56,72 dólares o barril.
– Nós temos que estar cientes de que provavelmente os preços de petróleo ficarão elevados, embora provavelmente não nesses níveis, nos próximos dois anos pelo menos por causa das pressões de demanda, certamente há demanda muito forte no mundo por petróleo, e também por causa de algumas restrições de oferta – disse Rato a jornalistas na capital da Índia.
A economia mundial teve seu crescimento mais forte em 30 anos em 2004 apesar do salto dos preços de petróleo e Rato espera um crescimento de mais de 4 por cento novamente este ano.
No entanto, ele afirmou que o crescimento pode ser prejudicado se o petróleo permanecer nos níveis atuais ou subir ainda mais, e alertou para que os países produtores de petróleo sejam mais receptivos a investimentos do setor privado.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou na quarta-feira um aumento imediato na produção de 500.000 barris por dia (bpd), com outro aumento de 500 mil bpd a ser feito se os preços não cederem. A Arábia Saudita, principal produtor, disse que o petróleo extra deve servir como precaução contra problemas de oferta no final de 2005.
Rato disse, porém, que as restrições de oferta que forçam os preços para cima também refletem a falta de capacidade nas refinarias, onde a principal responsabilidade está nos países consumidores.
Segundo ele, os consumidores precisam estar cientes do custo real do petróleo, enquanto os governos precisam diversificar suas fontes de energia.
– Está claro que neste nível de preços — mesmo que eles reduzam no médio prazo — os governos de todos os países consumidores terão que ter uma política de energia muito clara tanto em termos de demanda quanto de preço – disse Rato, no último dia de sua visita de cinco dias à China e à Índia.