França deve intervir nas Ilhas Salomão

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Publicado quinta-feira, 3 de julho de 2003 as 04:55, por: CdB

O Governo francês se ofereceu para participar da intervenção armada que os países do Pacífico prevêem realizar nas Ilhas Salomão para restaurar a paz e a ordem no pequeno arquipélago, informaram, nesta quinta-feira, fontes oficiais australianas.

O governo de Canberra já iniciou o diálogo com Paris para avaliar a possível participação francesa, informou o ministro australiano de Assuntos Exteriores, Alexander Downer.

Segundo Downer, o Executivo francês, por seus especiais vínculos com a região do Pacífico, pode contribuir em uma força multinacional de manutenção da paz e através de ajuda financeira.

A França é o único país europeu com forças militares significativas no Pacífico Sul, onde conta com mais de 2.000 soldados, três fragatas e vários porta-aviões em seus territórios da Nova Caledônia e da Polinésia francesa.

A Austrália, que não esperava a oferta, se limitou a pedir à União Européia uma contribuição financeira para o processo de reconstrução da convulsionada nação.

A pedido do próprio governo das Ilhas Salomão, os países do Pacífico aprovaram na segunda-feira a realização de uma intervenção armada nessas ilhas para acabar com os confrontos étnicos entre os habitantes da rica ilha de Guadalcanal e os emigrantes da vizinha e superpovoada Malaita.

A Austrália planeja liderar essa operação, que contará com um máximo de 2.000 efetivos e pode começar no final deste mês, junto com outros sete países da região.

Nos últimos dias a crise das Ilhas Salomão piorou. Segundo informou hoje a rádio das ilhas, Solomon Islands Broadcasting Corporation, nas últimas horas os rebeldes destruíram um povoado inteiro no litoral de Guadalcanal e seus 500 habitantes foram obrigados a ir para a capital, Honiara.

O líder do grupo paramilitar Frente de Libertação de Guadalcanal (FLG), Harold Keke, parece estar por trás do ataque, declarou o porta-voz governamental Augustine Manakako à citada emissora.

Segundo Manakako, os seguidores de Keke queimaram todas as casas do povoado de Marasa e levaram a população para a praia, onde escolheram dois rapazes e, depois de desnudá-los, os mataram com paus diante de seus vizinhos.

Harold Keke é considerado o principal responsável pela onda de violência que sacode Guadalcanal, a ilha mais grande e rica do país.

O líder rebelde se retratou do Acordo de paz de Townsville, assinado em outubro de 2000 pelo Movimento de Libertação de Guadalcanal (MLG) e pela Malaita Eagle Force (MEF), os dois lados de uma guerra civil iniciada há quatro anos.