França muda gabinete às vésperas de mudanças no BCE

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Publicado Quarta, 27 de Agosto de 2014 às 10:26, por: CdB
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Macron é ligado à direita francesa, embora seja militante do partido socialista de Hollande
O novo ministro da Economia da França, Emmanuel Macron, prometeu nesta quarta-feira reconstruir a confiança na economia do país, a segunda maior na zona do euro, e acabar com as mensagens conflitantes e a luta interna quanto à política econômica, em uma guinada irreversível à direita. Em declarações feitas um dia depois de o presidente François Hollande o nomear para o lugar do socialista antiglobalização Arnaud Montebourg, o ex-banqueiro de investimentos Macron, de 36 anos, procurou deixar claro que vai formar um governo em estreita parceria com o ministro das Finanças, Michel Sapin. – Nós vamos lutar, mas não vamos lutar contra os que estão no nosso campo, não vamos lutar contra parte do povo francês. Vamos lutar com toda a energia que temos – disse Macron, quer era um alto conselheiro de Hollande, na cerimônia de transmissão do cargo. Discurso 'dovish' O Banco Central Europeu (BCE) não deve adotar nova medida de política monetária na próxima semana a não ser que os dados de inflação de agosto, que serão divulgados na sexta-feira, mostrem que a zona do euro está afundando de maneira significativa rumo à deflação, disseram fontes do BCE. As especulações têm aumentado desde que o presidente do BCE, Mario Draghi, adotou um tom "dovish" (pacifista) no encontro anual de bancos centrais mundiais em Jackson Hole, na semana passada, ao sinalizar que o BCE poderia estar perto de optar pelo "quantitative easing" (QE) – impressão de dinheiro para comprar ativos. Afastando-se de seu texto original de discurso, Draghi destacou em Jackson Hole, nos Estados Unidos, na sexta-feira passada que "os mercados financeiros indicaram que as expectativas de inflação exibiram declínios significativos em todos os horizontes" em agosto. Os novos dados de inflação, junto a projeções atualizadas da equipe do BCE, provavelmente vão levar a discussões agitadas na reunião de política do dia 4 de setembro sobre se as medidas de política monetária existentes devem ser aceleradas. Novas medidas são improváveis, mas não impossíveis. – A barreira para o QE ainda é muito alta. É difícil dizer no momento que nada vai acontecer. Depende até certo ponto dos dados – disse uma das fontes, acrescentando que a discussão na reunião deve ser concentrada no reforço das medidas de política monetária existentes de afrouxamento do crédito e provisão de liquidez. Todas as fontes pediram anonimato. BCE não comenta A expectativa é que os dados de inflação da zona do euro para agosto mostrem desaceleração na taxa anual para 0,3%, ante 0,4% em julho, segundo pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters. O BCE tem como meta de inflação um número logo abaixo de 2% no médio prazo. O banco central considera em sua "zona de perigo" qualquer número abaixo de 1%. Em junho, o BCE cortou as taxas de juros para novas mínimas e apresentou um plano de quatro anos de financeiro para bancos –chamado de TLTROs (na sigla em inglês) – sendo que a primeira parcela dele será ofertada em 18 de setembro. Também disse que vai desenvolver um plano para comprar títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês). Entretanto, pode não ser prático mudar a operação TLTRO tão perto de seu lançamento. Os bancos têm até quinta-feira para entregar relatórios de empréstimo ao BCE para determinar quanto podem tomar emprestado em setembro e dezembro sob o programa. As novas medidas têm como objetivo sustentar o fluxo de crédito a empresas na zona do euro para ajudar a reanimar o crescimento. No segundo trimestre, o crescimento econômico da zona do euro estagnou. Adotar o QE pode pressionar o euro para baixo e melhorar a confiança do mercado. Entretanto, autoridades do BCE acreditam que o QE é inapropriado e não têm certeza de que funcionaria. Uma segunda fonte do BCE ressaltou que o discurso de Draghi em Jackson Hole ajudou a pressionar o euro, que caiu na quarta-feira e alcançou mínima de 19 meses ante o franco suíço. – Se conseguirmos deixar o euro abaixo de US$ 1,30, isso ajuda muito. Precisamos de um euro mais fraco para uma Europa mais forte – disse essa fonte.
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