Freire diz que Ciro terá que deixar governo se quiser permanecer no PPS

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Publicado segunda-feira, 13 de dezembro de 2004 as 19:53, por: CdB

O presidente do Partido Popular Socialista (PPS), Roberto Freire, disse hoje (13) que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, terá que entregar o cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para permanecer no partido. No último sábado, o diretório nacional do PPS decidiu por 73,45% de votos dos 113 integrantes deixar a base aliada do governo federal. “O PPS afastou-se da base aliada, e o ministro vai ter que decidir. Se continuar no ministério, afasta-se do partido. A decisão é clara”, enfatizou Freire.

Segundo o presidente nacional do PPS, a decisão do diretório não poderá ser contestada por nenhum membro do partido. Freire criticou o líder do PPS na Câmara, deputado Julio Delgado (MG), que hoje se mostrou contrário à decisão do diretório. Para Delgado, deixar a base aliada do governo federal não traz efeito prático para os parlamentares do PPS. “Vamos reunir a bancada, mas o sentimento é de que continuaremos votando como vínhamos fazendo, reunindo a bancada, deliberando com o compromisso de estarmos na base de apoio ao governo”, disse Delgado.

Roberto Freire afirmou que o PPS não vai admitir a postura do líder do partido na Câmara. “Se ele pensa que somos cartório do governo, está enganado. Se ele quiser ser serviçal do governo Lula, que vá para o PT. Ele deveria entregar a liderança e não ficar falando essas besteiras”, criticou.

Freire ressaltou, no entanto, que a decisão do PPS não significa que o partido fará oposição sistemática ao governo federal na Câmara e no Senado. “Do ponto de vista concreto, podemos votar com o governo. Até com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando éramos oposição e críticos do governo, em algumas matérias votamos com o Executivo. A diferença é que o governo a partir de agora não conta mais com o PPS”, enfatizou.

A decisão do diretório nacional, segundo Roberto Freire, foi motivada pela mudança de postura do PT depois que assumiu o governo federal. “O PT que a gente pensava que pudesse ser diferente, acabou se revelando uma face da mesma moeda (do governo anterior). E às vezes até pior. O governo tem políticas com as quais não concordamos”, disse Freire.

Para o líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), parlamentares, tanto do PMDB quanto do PPS, continuarão defendendo matérias de interesse do Executivo mesmo diante das decisões de deixarem a base aliada. O líder afirmou que não vai questionar as decisões tomadas pelas instâncias superiores do PPS e do PMDB. “Os partidos, através das suas instâncias, tomaram as suas decisões. Mas não vamos nos intrometer. É legítimo, é democrático. Mas nós temos deputadas e deputados que têm demonstrado uma firmeza, determinação de continuar trabalhando conosco nos garantindo a aprovação das matérias e da governabilidade. É nesse sentido que continuaremos dialogando, negociando”, afirmou.