Frente parlamentar nacionalista atua no Congresso, em meio ao golpe

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Publicado Sexta, 08 de Setembro de 2017 às 11:28, por: CdB

A Frente é comandada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), ameaçado de ser expulso do partido por suas críticas ao radicalismo neoliberal de Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O secretário-geral é o deputado Patrus Ananias, petista mineiro que nutre esperanças, mas não ilusões diante dos desafios.

 

Por Redação - de Brasília

 

Começa a funcionar, no Parlamento brasileiro, a Frente Parlamentar em Defesa da Soberania Nacional. O movimento, que reúne 200 dos 513 deputados e 18 dos 81 senadores, enfrenta, no entanto, uma série de desafios. A Frente é comandada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), ameaçado de ser expulso do partido por suas críticas ao radicalismo neoliberal de Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

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Requião também criticava o modelo de comunicação exercido no âmbito do governo federal

O secretário-geral é o deputado Patrus Ananias, petista mineiro que nutre esperanças, mas não ilusões diante dos desafios. O golpe de Estado, em curso, é dominado pelas forças mais extremadas da direita.

— Há uma parcela dos empresários com um sentimento nacionalista, mas é forçoso reconhecer que a maioria não tem. Para uma parcela ponderável da elite brasileira, nós somos gente inferior, bom é o que vem de fora — disse ao jornalista André Barrocal, da revista Carta Capital.

Rentistas

“O sistema financeiro esbalda-se com empréstimos a governos e movimentação de grana de um lugar a outro do planeta. No Brasil, a financeirização do PIB chegou cedo e arrasou a indústria, conforme o relatório anual 2016 da Unctad, a agência da ONU para comércio e desenvolvimento. Seus efeitos não são nada bons para a população em geral”, acrescenta.

Ainda segundo o texto, “há concentração de renda e alta do desemprego, diz a Unctad, baseada no visto em países ricos financeirizados há mais tempo. Mas enchem o bolso dos endinheirados e estes são os que mandam no Brasil, conforme descrição do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, 83 anos, no dia do lançamento da Frente da Soberania, em junho”.

— A classe liberal dirigente do Brasil é formada por rentistas, que vivem de aluguéis, juros e dividendos, e os financistas, que administram a riqueza dos rentistas — disse Bresser-Pereira.

Endinheirados

“O predomínio da riqueza na política é constatável pelas fortunas pessoais. O patrimônio médio de cada um dos 513 deputados federais era de 2,5 milhões de reais na eleição de 2014. O dos 27 senadores vitoriosos naquela campanha, de 17 milhões.

No caso do Senado, um dos eleitos era (e é) tão abastado, o presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati, do Ceará, que fez quintuplicar a média geral. Excluída sua fortuna de 389 milhões, ainda assim os senadores triunfantes em 2014 tinham 3,3 milhões em bens cada um, em média”, pontua.

Nos Estados, constata, a situação é idêntica. Os 1.059 deputados estaduais eleitos em 2014 tinham R$ 1,4 milhão, em média. Os 27 governadores, R$ 3 milhões. Os 5,5 mil prefeitos vitoriosos na campanha de 2016, R$ 1,1 milhão. “Esse retrato patrimonial é obra do economista André Calixtre, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para obtê-lo, usou as declarações de bens entregues pelos candidatos à Justiça nas campanhas de 2014 e 2016”, adianta.

Cético

“Os ricos têm acesso quase exclusivo ao sistema político e burocrático que sustenta as decisões do Estado”, diz o relatório. “O poder econômico diminui sensivelmente as chances de um cidadão de origem popular ascender ao sistema representativo. A classe trabalhadora é massivamente excluída”.

— O bloco progressista terá necessariamente de fazer um discurso nacionalista na eleição. PSDB e DEM não podem fazer — emenda o cientista político Roberto Amaral, ex-ministro de Ciências e Tecnologia, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Quanto as chances de uma frente nacionalista dar certo, Amaral permanece cético.

— A direita tem vencido um debate ideológico que a esquerda se recusa a fazer — conclui.

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