O Grupo Gerdau fechou acordo com os acionistas das siderúrgicas colombianas Diaco e Sidelpa para aquisição gradual de suas participações nas companhias, um negócio que atingirá 130 milhões de dólares, incluindo as dívidas das empresas, nos próximos oito anos.
A operação marca a entrada do grupo brasileiro na Colômbia, seu quinto mercado na América do Sul, depois de um ano de compras na América do Norte que elevaram para 26 o número de usinas localizadas no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Chile, Argentina e Uruguai.
O primeiro passo, segundo o vice-presidente executivo do grupo, Carlos Petry, será a compra da participação de cerca de 40% que a The Latinamerican Enterprise Steel Holding detém nas duas empresas. Vai adquirir também até metade dos 40 por cento detidos pelo Grupo Mayaguez nas duas siderúrgicas. Essas operações devem custar, no total, entre 68 e 70 milhões de dólares.
Na primeira etapa, a Gerdau ficará com 60 % tanto da Diaco quanto da Sidelpa, e o Mayaguez, com 40 %. No prazo máximo de oito anos, a Gerdau exercerá o direito de compra de ações restantes e se tornará dona das duas companhias.
– O mercado colombiano tem um grande potencial de crescimento e assumimos uma posição mercadológica importante com essa compra – disse Petry à Reuters.
A Sidelpa, única empresa de aços especiais da Colômbia, e a Diaco, maior produtora de aço e vergalhões daquele país, foram formadas a partir do processo de consolidação do setor ocorrido na Colômbia. Por ano, faturam juntas 180 milhões de dólares e vendem cerca de 400 mil toneladas, números que garantem uma participação de mercado de 45 por cento.
Também fazem parte do negócio três laminações: a de Muña, a Cali e a Laminados Andinos (Lasa), unidades da Diaco. O negócio inclui ainda um centro de corte e dobra de aço em Bogotá. O conjunto das operações possui capacidade instalada anual de 460 mil toneladas de aço e 605 mil toneladas de laminados.
Outra vantagem apontada por Petry é a sinergia com unidades do grupo, já que também produzem aço pela reciclagem de sucata, um processo que garante economia no consumo de energia em relação à produção por minério de ferro.
– O crescimento das empresas estará condicionado à geração de sucata, queremos repetir na Colômbia a mesma eficiência que temos nas nossas outras unidades – afirmou.
A conclusão da primeira fase da operação de compra –que está sendo precedida de uma aliança imediata de assistência técnica, tecnológica e de assessoria na distribuição e práticas corporativas pelo Grupo Gerdau — depende da aprovação dos órgãos reguladores de mercado colombianos, o que deve ser concluído entre 60 e 120 dias.
Petry antecipou que será feita uma oferta pública para compra da participação dos acionistas minoritários.
– A aprovação deve estar condicionada a essa oferta – afirmou.
O executivo rebateu avaliações de analistas que temem a queda de margem do Grupo Gerdau com aquisição de empresas menos rentáveis. Segundo o analista do Banco Brascan Luiz Caetano, em um relatório divulgado após o anúncio da compra, as siderúrgicas colombianas teriam margem Ebitda de 19,7% , enquanto a Gerdau, de 36,4 %.
– Desconheço esses números das siderúrgicas colombianas, mas o que eu sei é que faremos lá o que fizemos no Chile e no Uruguai, levaremos a eficiência Gerdau – disse Petry.
Apesar de ressaltar a possível perda de margem, o analista do Brascan considerou a compra positiva para o grupo, já que ao diversificar suas unidades “reduz o risco e os problemas de um determinado mercado”.
As ações da Gerdau fecharam em ligeira queda nesta segunda-feira, de 0,32 %, enquanto a Bovespa subiu 0,23 %.