Na verdade, nesse pronunciamento histórico o presidente chinês aponta à humanidade o que eu chamaria de “Globalização à chinesa”. Uma globalização inclusiva, sob o império da paz e do desenvolvimento.
Por Elias Jabbour – de Brasília
Desde sua fundação em 1945 a Organização das Nações Unidas (ONU) e suas famosas Assembleias Gerais foram palco de discursos agudos, históricos e definidores de um tempo. Não foram poucos os líderes dos países periféricos que utilizaram desta tribuna para denunciar os efeitos nocivos do imperialismo ao mundo. De Che Guevara à Fidel Castro. De Gamal Abdel Nasser à Jawaharlal Nehru. Todos fizeram história ao ocupar a tribuna da central da ONU. Por parte da República Popular, existem dois discursos marcantes. O de Deng Xiaoping em 1974 onde expôs as linhas gerais da chamada tese dos “Três Mundos” e Xi Jinping a 18 de janeiro de 2017 com o discurso “Construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade”.Pandemia
Passados cinco anos, o que inclui quase dois anos de plena pandemia, qual a importância deste discurso e como a China tem trabalhado para sua implementação em um mundo cada vez mais contraditório e perigoso? Em primeiro lugar, o exemplo. Xi Jinping faz questão de pontuar que a China saiu da condição de país muito pobre à segunda economia do mundo sem colonizar, explorar ou saquear outros povos. Isso é essencial em mundo marcado, ainda, por fortes e intensas guerras coloniais promovidas pelo imperialismo. Outro exemplo, mais concreto. A República Popular da China entrega ao mundo a prova histórica de que é possível um país eliminar a pobreza extrema apesar das difíceis condições demográficas, geográficas e econômicas. Milhões de adultos e crianças padecem de fome no mundo, mas nenhuma delas é chinesa!Promoção da paz
A comunidade de destino compartilhado envolve a promoção da paz pela via do desenvolvimento. Não existe paz na miséria ou onde as condições ao desenvolvimento não estejam presentes. A grande contribuição que a China dá ao mundo neste momento é ser a proponente de uma integração física, por terra e mar, do mundo inteiro. Com a Iniciativa Cinturão e Rota, que atualmente conta com a participação de cerca de 140 países. A China abre grandes possibilidades de um “destino compartilhado” ao exportar bens públicos como estradas, ferrovias, portos e aeroportos elevando capacidades produtivas de países receptores, lança luzes à superação da miséria e do subdesenvolvimento a vários países.Por fim, impossível não nos remetermos às práticas chinesas, suas lições e o que ela entregou ao mundo desde o início da pandemia. Enquanto países que promovem “encontros pela democracia” saqueavam navios com insumos médicos destinados a países pobres, a China não somente abasteceu a si e ao mundo de insumos de todo tipo quanto teve a honra histórica de doar 2 bilhões de doses de vacinas. A prática é o critério para verdade, já nos lembrava Mao Tsétung. A comunidade de destino compartilhado para a humanidade é uma prática política que a governança chinesa demonstra ser muito mais eficiente do que a hipocrisia imperialista em torno de palavras de ordem vazias e ocas.
Os chineses sabem que o destino humano não pode ser apontado por uma única nação. O destino humano de um mundo compartilhado é uma tendência histórica. Os chineses estão a ajudar a construir esse mundo não baseado em países fortes e fracos, grandes e pequenos e entre povos hígidos de um lado e doentes do outro. Eis a grande lição não somente do histórico discurso de Xi Jinping. Mas da prática internacional chinesa como um todo desde o nascimento da República Popular.Elias Jabbour, é professor dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Econômicas (PPGCE) e em Relações Internacionais (PPGRI) da UERJ. Membro do Comitê Central do PCdoB.
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