A guerra de tarifas entre as empresas aéreas já está fazendo com que vôos em rotas mais distantes fiquem mais baratos para os usuários do que para destinos mais curtos. É o caso da linha entre Congonhas (SP) e Goiânia (GO), um percurso de 822 quilômetros, cuja tarifa cobrada pela TAM é de R$ 504. Entre Congonhas e Brasília, trecho 51 quilômetros mais longo, a passagem cai para R$ 332, o que corresponde a uma redução de 34,1%. A diferença ocorre porque seis empresas operam no trajeto entre Congonhas e Brasília, entre elas a novata Gol, que tem exatamente a tarifa promocional de R$ 332. Mas apenas duas companhias aéreas voam de Congonhas para Brasília, com preços sem promoção. Para a capital federal o fluxo de passageiros também é muito maior, o que compensa eventuais perdas de margem de lucro. Estes preços se referem às tarifas mais baixas das empresas em cada rota. A Gol tem investido pesado para ganhar mercado num setor altamente competitivo. A empresa deverá aumentar em 40% sua frota no ano que vem. A Gol - que já detém 5,12% do mercado aéreo nacional _ planeja adquirir quatro novos Boeing 737-700 em 2002. Até outubro, a frota atual somará dez jatos, com a chegada de dois novos aviões, um no mês que vem e outro em outubro. Enquanto isso, a empresa aérea evolui, sob o fogo cerrado das concorrentes de maior porte. Em setembro, abrirá três novos destinos. A disputa é tamanha que os golpes estão sendo desferidos com antecedência. Entre o fim de agosto e o início de setembro, a empresa iniciará novos vôos entre Congonhas (SP) e as cidades Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Belém (PA). Mesmo antes de a empresa entrar na rota, a Rio Sul - que tem 8,98% da demanda no país - atencipou-se e colocou um vôo em horário próximo ao previsto pela empresa novata, conta o diretor de Vendas da Gol, Mário Bento. "Isto tem sido uma tônica freqüente, faz parte do jogo da concorrência", disse Bento. "Estamos fazendo tudo o que o mercado dita que tem de ser feito. A idéia é sermos rápidos nas decisões nestes tempos de competição acirrada", reconheceu George Ermakoff, presidente da Rio Sul. Segundo Bento, a Gol pretende chegar a ter algo entre 8,5% e 9% de participação de mercado, a partir de outubro, quando já estará voando com dez jatos. Na última segunda-feira, a Gol, do empresário Nenê Constantino passou o dia numa reunião, discutindo planos. "A princípio, este ano não deverão chegar novos jatos além do previsto", disse o diretor da Gol. A empresa chegou a receber propostas consideradas vantajosas para operar jatos 737-300, mas descartou e preferiu manter a padronização com os modelos 737-700. Depois de chegar ao milionésimo passageiro no último dia 8, a empresa pretende agora manter a média de 250 mil passageiros por mês. Apesar da liberação de preços, a Gol informa que não reajustou suas tarifas. Conta a seu favor o fato de ter começado a operar em janeiro, com uma planilha, portanto, menos defasada das demais empresas. Além disso, argumenta o executivo, a empresa é enxuta e tem uma média de cem empregados por jato, inferior à média de mercado, segundo ele, entre 130 e 160 funcionários. Em agosto, a empresa deverá apresentar "ligeiro" crescimento comparado a julho. Mesmo levando em conta os argumentos, contudo, a Gol sofre, como as demais, os mesmos impactos da alta do dólar sobre as prestações das aeronaves.
Rio de Janeiro, Quinta, 28 de Março de 2024
Gol investe na compra de aeronaves para conquistar o mercado
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Publicado Quarta, 22 de Agosto de 2001 às 15:45, por: CdB
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